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Sinopse

Pernalonga e sua turma são o alvo de alienígenas que desejam encontrar atrações para seu parque de diversões. Prestes a ser capturado, o coelho propõe apostar sua liberdade num jogo de basquete. Para enfrentar o temível time extraterrestre, Pernalonga convoca ninguém menos do que Michael Jordan.

Crítica

Produzido por Ivan Reitman, diretor de Os Caça-Fantasmas (1984), não é surpresa que Space Jam: O Jogo do Século conte no elenco com a presença de Bill Murray, que, inclusive, não é poupado de uma piada envolvendo sua participação devido à parceria com o produtor. Murray, porém, é, ao lado dos icônicos personagens animados dos Looney Tunes, o melhor ator em cena, já que muitas vezes Michael Jordan não sabe nem mesmo para onde olhar.

Não à toa o diretor Joe Pytka evita se deter muito nas reações do esportista enquanto deixa tempo de sobra para qualquer coisa que Pernalonga ou Patolino tenham a fazer. O longa-metragem começa quando um grupo de extraterrestres decide sequestrar os desenhos animados para serem escravos em seu parque de diversões intergaláctico. Na tentativa de se salvarem, eles propõem como desafio um jogo de basquete valendo sua liberdade. E na busca por ajuda, vão atrás do jogador Michael Jordan para ajudá-los a vencer.

Escrito por quatro pares de mãos – tantos roteiristas normalmente não representam um bom sinal – o texto repetidamente se entrega à piadas bobas e infantis. “Ah, mas é um filme para crianças!”, alguns podem argumentar. Produtos voltados para o público infantil podem divertir com inteligência, e os exemplos correm soltos por ai. Mas o mais intrigante é que estes momentos tolos são basicamente protagonizados pelos atores humanos, uma vez que os personagens animados parecem ter vida própria, não temendo investir em gags que envolvam mutilações, esquartejamentos, lacerações, carbonizações, e outras formas de violência física extrema. Algo que os roteiristas parecem não entender muito bem, delegando ao protagonista a tarefa de ser derrubado por um cachorro enquanto este lambe o seu rosto, ignorantes à origem do humor dos Looney Tunes.

Deste modo, os personagens animados são responsáveis por toda a diversão que Space Jam proporciona, e suas táticas impossíveis durante o jogo do terceiro ato são o que o torna o filme tão empolgante. Egocêntricos, covardes e constantemente violentos, essas figuras representam algumas das falhas mais comuns e temidas por qualquer indivíduo, mas que, porém, não encontram consequências em seu mundo colorido. Logo, é quase impossível não simpatizar e rir da liberdade com que as amalucadas criações em 2D possuem.

Falando nisso, outra coisa que não funciona muito bem em Space Jam é a colocação das animações para contracenar com atores de verdade. Aqui e ali até pode parecer bem feito, mas quase sempre o efeito fica óbvio demais. Lamentável, ainda mais quando se pensa que oito anos antes Uma Cilada para Roger Rabbit (1988) fazia tão melhor – e mesmo na década de sessenta Mary Poppins (1962) já apresentava resultados melhores. Mas méritos sejam dados ao menos à trilha descompromissada de James Newton Howard, que, embora um pouco apagada pelas faixas escolhidas pela produção, embala o bom clímax. É um longa-metragem que dificilmente passaria na regra dos quinze anos – aquela que diz que, para saber se um filme visto antes dessa idade é realmente bom, tem de se revê-lo depois disso – mas que moderadamente diverte. Talvez, uma melhor escolha fosse realizar um filme solo dos Looney Tunes.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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