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Crítica


7

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3 votos 9.4

Onde Assistir

Sinopse

Assassinos de aluguel, John e Jane Smith são casados, mas desconhecem a ocupação um do outro. A verdade vem à tona quando os dois recebem novas missões de suas respectivas agências.

Crítica

Brad Pitt e Angelina Jolie. Dois dos mais talentosos, sexies, versáteis e competentes astros de Hollywood juntos, e pela primeira vez! Precisavam motivos melhores do que esses para a realização de um filme como Sr. & Sra. Smith? Ainda mais que contamos com Doug Liman na direção, o mesmo do interessante A Identidade Bourne (2002), o primeiro episódio da série estrelada por Matt Damon. O cineasta consegue exercer com muita habilidade sua veia histriônica ao unir artificialidade com verossimilhança, passatempo fugaz com argumentos relevantes, um subtexto envolvente numa trama aparentemente superficial. O suficiente para deixar qualquer um, no mínimo, curioso.

Sr. & Sra. Smith é um legítimo produto hollywoodiano, com cara de blockbuster de verão norte-americano, feito para arrecadar milhões de dólares, e que mesmo assim consegue ir além da superfície e oferece uma ou outra leitura mais detalhada. Um filme que se mostrou capaz de atingir estes quesitos, ao estrear direto na liderança do público e com um faturamento global de quase US$ 500 milhões. E o melhor: apesar de ser diversão ligeira, não chega a ser totalmente descartável.

Pitt e Jolie interpretam o casal do título, dois apaixonados que após algum tempo de casados não aguentam mais o tédio da relacionamento. Com uma sequência de abertura muito inspirada, em que ao invés de termos perseguições automobilísticas ou grandes explosões somos apresentados aos dois protagonistas num terapeuta de casais, com ambos apontando suas queixas em relação ao cônjuge. Nesta sequência inicial fica evidente a perfeita química existente entre eles – que posteriormente iria além da mera atividade profissional, como todo mundo já sabe – e metade do trabalho está feito.

O segredo que existe entre os dois é que tanto ele quanto ela são assassinos profissionais. A farsa acaba quando recebem, paralelamente, a missão de acabar com a vida um do outro. O motivo alegado seria que cada organização deseja eliminar a concorrência, mas esta é apenas uma desculpa do enredo para uni-los e, finalmente, deixar que cada um possa se conhecer melhor. Superadas as diferenças, terão que trabalhar juntos para acabar com aqueles que desejam o mesmo deles.

Sr. & Sra. Smith parte do paradoxo de tentar retratar dois dos mais celebrados e invejados astros hollywoodianos como pessoas comuns, que acordam de manhã cedo para trabalhar, fazem compras em supermercados e que passam muitas noites por semana sem transar com seus parceiros – e tudo isso antes deles formarem, de fato, um casal (como acabou acontecendo na vida real). Tudo o que temem é enfrentar as mudanças de suas rotinas, algo bastante próximo do espectador médio. Este, no entanto, pode ser o ponto de partida do filme, mas desde o começo percebe-se que o tom empregado será o do deboche e da sátira, e por isso mesmo Brad e Angelina funcionam tão bem em seus respectivos personagens.

Nomes como Will Smith, Johnny Depp, Nicole Kidman e Catherine Zeta-Jones foram cogitados para estes papeis, mas é difícil imaginar dois atores mais adequados para o que se vê em cena. Os dois são premiados, oscarizados, respeitados e populares. Se individualmente são sucesso, imaginem os dois juntos e vejam o que são capazes! Eles aparecem em cena com o único e nítido propósito de se divertirem, e com isso levam a audiência junto. Muito do que se vê é exagerado, absurdo e fora do propósito, mas esta lente de aumento foi o caminho escolhido para se discutir um problema cada vez mais atual: a falta de comunicação dos relacionamentos modernos. E por isto mesmo que o efeito, leve e descompromissado, possa ter um desenrolar melhor do que o imaginado a princípio.

Sr. & Sra. Smith não é livre de defeitos, é preciso deixar claro. Meia hora a menos seria ideal, assim como uma enxugada na trama e menos pirotecnia em prol dos divertidos diálogos entre os protagonistas também alcançariam um melhor resultado. Ainda assim, seus méritos estão além dos percalços. Adaptado de um seriado de televisão homônimo exibido na televisão americana em meados dos anos 1990, é um longa competente, dinâmico e divertido, que certamente merece o espaço conquistado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
7
Ailton Monteiro
7
MÉDIA
3.5

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