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Crítica


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Sinopse

James Kirk é um jovem inconformado com a morte de seu pai. Certo dia, recebe convite para fazer parte da formação de novos cadetes para a Frota Estelar. Lá conhece Spock, um vulcano que deixou seu planeta. Durante o treinamento, os dois vivenciam novas experiências provocadas por seus estilos diametralmente opostos. Spock, o cerebral, e Kirk, o passional, irão liderar a tripulação da U.S.S. Enterprise, a mais avançada nave espacial da época.

Crítica

J.J.Abrams, criador do cultuado seriado televisivo Lost (2004-2010) e realizador do interessante – e menosprezado – Missão: Impossível 3 (2006), conseguiu mais uma vez se superar: o seu Star Trek não só é responsável por ressuscitar uma série dada como morta como é também um filme emocionante e envolvente, digno de marcar presença na temporada mais disputada do cinema norte-americano! Oficialmente posicionado como o décimo primeiro longa-metragem para a tela grande baseado nos personagens criados por Gene Roddenberry em 1966, na real este não é um passo adiante que dá sequência aos eventos mostrados nos 10 filmes anteriores, muito menos uma refilmagem das primeiras aventuras. É, sim, antes de mais nada um reinício, um recomeço, mostrando como figuras clássicas como o Capitão Jim Kirk ou o vulcano Spock entraram para a Frota Estelar e deram início às suas carreiras e, obviamente, à amizade que os guiou durante anos. Ou seja, um conceito perfeito e adequado tanto para fãs – que nunca antes haviam se deparado com estes momentos – como para novatos – que podem dispensar qualquer conhecimento prévio a respeito!

Star Trek começa deixando claro a que veio: ação do início ao fim. Os questionamentos filosóficos, tão característicos principalmente nos primeiros filmes, lá no início dos anos 80, continuam presentes, porém em menor quantidade, sem nunca interromper o fluxo dos acontecimentos. E a trama não poderia ser mais referencial a um tema recorrente: viagens temporais. Spock, já velho, não consegue impedir que uma estrela entre em supernova. Com a explosão, ela leva consigo um planeta inteiro e toda a sua população, os romulanos. Os únicos sobreviventes – comandados pelo irascível Nero – decidem culpar àquele que não teve como evitar a tragédia, e partem no seu encalço. Nesta caçada ambos caem num fluxo temporal e vão parar algumas décadas no passado, porém com 25 anos de intervalo entre a chegada de um e doutro. Os romulanos encontram de imediato uma nave comandada pelo Capitão George Kirk, que sem conseguir se defender decide salvar ao menos sua tripulação, inclusive a esposa grávida do único filho do casal, James! Muitos anos depois, o garoto - já um adulto - e os inimigos voltam a se encontrar, só que agora James Kirk é um oficial da Frota Estelar e terá que lidar com estes novos e desconhecidos vilões – que ameaçam inclusive acabar com a existência do Planeta Terra – contando com a ajuda do velho Spock, ao mesmo tempo em que terá que aprender como conquistar a confiança e o respeito do... jovem Spock!

Sucesso de bilheteria, Star Trek entrou em cartaz nos Estados Unidos em primeiro lugar no seu final de semana de estreia, atropelando a concorrência. Inevitavelmente irá se confirmar como o longa de toda a franquia de maior impacto financeiro, um resultado pra lá de satisfatório. Outro ponto positivo foi a calorosa recepção da crítica, que soube reconhecer os pontos fortes da produção, como o ritmo envolvente e a direção segura do realizador, ao mesmo tempo em que foi suave o suficiente para minimizar alguns dos percalços da trama, como diálogos pouco criativos e reviravoltas de última hora. Outro destaque é o elenco conciso, comandado por um novo candidato a galã, Chris Pine (até então presença constante em comédias românticas), até surpresas empolgantes, como Zachary Quinto, passando por adições surpreendentes (Karl UrbanZoe Saldana e Simon Pegg) e participações mais do que especiais (Winona Ryder, Eric Bana e até o veterano Leonard Nimoy). Um time e tanto!

Talvez a melhor forma para descrever a nova incursão da marca Star Trek nos cinemas é de que este é um filme “redondo”, sem arestas ou passos em falso. Tudo funciona em sintonia, do carisma dos intérpretes à engenhosidade do roteiro elaborado por Roberto Orci e Alex Kurtzman (a mesma dupla por trás de sucessos como Transformers, 2009). E se mesmo um completo ignorante dentro deste universo, como este humilde observador, conseguiu desfrutar com muito bom gosto destas duas horas de diversão, que dirão os iniciados, que podem agora conferir criações que tanto admiram finalmente recebendo o tratamento que tão bem merecem. Jornada nas Estrelas ficou, definitivamente, no passado – o futuro, agora, é dos ‘trekkers’, e é muito bom poder estar diante deste novo e emocionante começo!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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