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Sinopse
Após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker em uma ilha isolada, a jovem Rey busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre Jedi. Paralelamente, o Primeiro Império de Kylo Ren se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde.
Crítica
No mundo de Star Wars, nessa mitologia criada por George Lucas, as coisas sempre foram bastante dicotômicas, vide a centralidade da luta entre a luz e o lado negro da Força. Portanto, é, antes de tudo, passível de celebração a abordagem do cineasta Rian Johnson, também autor do roteiro de Star Wars: Os Últimos Jedi, justamente porque a partir deste capítulo os arranjos tendem a não ser mais como antes, pois é instaurada uma bem-vinda área cinzenta. Tal guinada alinha uma das franquias mais importantes do cinema aos novos tempos, dando sequência ao trabalho bem feito por J. J. Abrams e companhia em Star Wars: O Despertar da Força (2015), ampliando a sensação de sincronia com as demandas do agora. Aliás, outro indício disso é a pluralidade étnica presente entre os pilotos da Resistência que se lançam num ataque praticamente suicida para evitar a aniquilação pela nefasta Primeira Ordem, isso no começo do filme. É uma cena de ação que carrega dramaticidade, um desespero latente.
O cenário é desolador. A galáxia está praticamente tomada pela horda de Snoke (Andy Serkis). Os rebeldes comandados pela General Leia Organa (Carrie Fisher) estão irremediavelmente encurralados, a mercê do poderio encabeçado no campo de batalha pelo General Hux (Domhnall Gleeson) e pela figura cada vez mais imponente e poderosa de Kylo Ren (Adam Driver). Star Wars: Os Últimos Jedi, se desenvolve, na maior parte do tempo, em diversas frentes. Fazendo alusão a um expediente clássico da franquia, há uma missão de invasão, de sucesso improvável. O realizador, porém, consegue ressaltar a bravura de quem arrisca a própria vida em função do ideal. Finn (John Boyega) ganha uma parceria carismática e tão corajosa quanto ele. Rose (Kelly Marie Tran) tem seus motivos para ir à luta e encontra no ex-stormtrooper um companheiro valoroso, com quem sua personalidade casa bem. Embora represente o elo frágil da narrativa, o encargo deles é imprescindível para o êxito de todos.
No planeta sagrado dos Jedi, Rey (Daisy Ridley) tenta extrair do lendário Luke Skywalker (Mark Hamill) os ensinamentos acerca da Força, querendo aprender os passos para se tornar uma guerreira apta a tentar obliterar o lado sombrio representado pelo colérico filho do falecido Han Solo. Aliás, Rian Johnson investe numa ligação curiosa entre o líder da ordem de Ren e a novata em busca de orientação. É inteligente a maneira como o filme, em numerosos momentos, nos leva a acreditar na proximidade da verdade acerca da origem de Rey, num jogo cujo verdadeiro propósito é, exatamente, estabelecer uma ponte entre a luz e a escuridão, criando um espaço intermediário, ideal para a instituição de uma densidade psicológica e emocional pouco vista na Saga Star Wars. Luke também faz parte dessa ciranda, deixando expostas as suas fraquezas, depondo a si próprio do pedestal que a História da galáxia reservou a ele. Star Wars: Os Últimos Jedi atinge um fino equilíbrio entre ação e drama, algo raro em blockbusters.
Em meio à tragédia anunciada, com a Resistência acossada, Rian Johnson abre espaço para brechas cômicas, bem assentadas no todo. Além disso, a reverência ao legado de Star Wars está presente em vários instantes, como no reaparecimento emblemático de alguém importante – atentem para a forma assumida por esse personagem tão querido – e alusões menores a episódios marcantes de filmes anteriores. Perguntas formuladas desde Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977) são finalmente respondidas, reviravoltas impressionantes criam a possibilidade de novos e empolgantes cenários, além da haver despedidas de gente cara aos fãs da cinessérie. Star Wars: Os Últimos Jedi é, em certa medida, um filme de atores, haja vista a coesão do elenco. Mas, Daisy Ridley e Adam Driver sobressaem, provando que podem, muito bem, assumir a dianteira da Saga Star Wars, sem prejuízos, pelo contrário, apontando ao novo, mas reverenciando as tradições.
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