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Crítica


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3 votos 5.4

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Sinopse

O casal Tom e Nicola Ray possui uma vida feliz. Ela entra em colapso após Tom desenvolver sepse, doença causada por manifestações graves em todo o corpo devido à infecção. Enquanto o marido estava em coma, Nicola deu à luz o segundo filho do casal, do outro lado do mesmo hospital. Em questão de dias, a sepse rouba os braços e as pernas de tom, deixando seu rosto severamente desfigurado.

Crítica

Inspirado por um caso real ocorrido em 1999, Starfish: Uma História de Amor Incondicional narra a trágica jornada de Tom Ray (Tom Riley), escritor que leva uma vida pacata ao lado da esposa, Nicola (Joanne Froggatt), e da pequena filha, Grace (Ellie Copping), no condado de Rutland, interior da Inglaterra. Certo dia, Tom vê sua sorte mudar radicalmente quando, ao consumir um alimento fora da data de validade, contrai uma rara forma de sepse, doença causada por uma bactéria que rapidamente se espalha por seu corpo, levando à amputação de seus braços e pernas, e deixando seu rosto parcialmente desfigurado. Todo o angustiante ocorrido é exposto pelo diretor Bill Clark já nos 15 minutos iniciais, deixando pouco espaço para estabelecer as personalidades dos protagonistas ou o contexto de sua existência para além do retrato superficial de um lar afetuoso e de uma “família perfeita” abalada pelo infortúnio.

O drama logo domina a narrativa e o modo como os personagens passam a lidar com sua nova realidade se torna o foco de Clark. Todavia, diferentemente do que seria o mais esperado dentro das convenções de histórias inspiracionais de superação como a em questão, o filme dedica boa parte da primeira metade de projeção não ao martírio da recuperação de Tom, mas ao fardo que recai sobre Nicola, contando apenas com o auxílio de sua mãe (Michele Dotrice) para lidar com as decisões médicas acerca do futuro do marido, com o aspecto financeiro da situação, com os cuidados com Grace e ainda com um bebê recém-nascido – pois a artista, já grávida quando do incidente, dá à luz ao segundo filho do casal com Tom ainda internado. Assim, Clark acompanha os detalhes do dia a dia doloroso da personagem, que inclui ainda atritos constantes com a sogra (Phoebe Nicholls), em uma abordagem que parece tentar fugir um pouco do choque e do sentimentalismo de se debruçar por completo sobre a condição física de Tom.

Essa tentativa, contudo, perde fôlego a partir do retorno do protagonista à casa e, não raro, Clark acaba cedendo a armadilhas emotivas, principalmente aquelas ligadas à relação de Tom e Grace. Algo sentido desde a cena em que a garota revê o pai no hospital até a alegoria envolvendo as estrelas-do-mar – a “starfish” do título original, com sua capacidade de regeneração – presente na história de ninar convenientemente criada pelo escritor na mesma noite do evento que mudaria a sua vida. Frente a este cenário, os atores defendem bem seus papéis, entregando desempenhos convincentes: a dor e obstinação de Nicola soam genuínas na interpretação de Froggatt, assim como Riley deixa transparecer o tormento de Tom, tendo o desafio de atuar sob pesada maquiagem. A sequência da discussão mais intensa e franca, já próxima ao desfecho, exemplifica o bom trabalho dos atores.

Dadas as escolhas inicias de Clark, de focar no cotidiano de Nicola, porém, o tempo acaba se mostrando escasso para o desenvolvimento mais aprofundado dos personagens e de seus conflitos, raramente indo além daquilo que está relacionado à nova condição de Tom. O cineasta até busca trazer mais camadas para a composição do protagonista, por meio de flashbacks de sua infância – revelando uma relação próxima com os irmãos, que não dão as caras no tempo presente da trama, e um sentimento amargurado em relação ao pai que os abandonou – mas estes pouco acrescentam à construção, parecendo soltos na narrativa. A realização trivial também não contribui para potencializar os bons elementos do material, em um registro que lembra o de telefilmes já datados, com estética, montagem e ambientação apenas funcionais, sem qualquer lampejo de elaboração que torne alguma cena distinta.

Starfish: Uma História de Amor Incondicional opera sempre dentro de uma escala reduzida, vide o clímax que traz a esperada virada para o tom mais inspiracional da história. Se por um lado esse comedimento pode ser compreendido como virtude, ao manter o tom mais realista, por outro acaba perdendo no quesito da dimensão de seu possível impacto dramático. Sem a ambição de mergulhar em um estudo de personagem mais denso, como o de outras obras que de alguma forma trazem elementos similares em suas premissas, como Meu Pé Esquerdo (1989) ou Mar Adentro (2004), Clark se contenta com a modéstia, o que revela honestidade e consciência de suas limitações, mas também impede que seu trabalho ultrapasse a barreira do meio-termo.

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é formado em Publicidade e Propaganda pelo Mackenzie – SP. Escreve sobre cinema no blog Olhares em Película (olharesempelicula.wordpress.com) e para o site Cult Cultura (cultcultura.com.br).
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Grade crítica

CríticoNota
Leonardo Ribeiro
4
Chico Fireman
5
MÉDIA
4.5

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