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Sinopse

Uma equipe de cientistas é enviada em uma nave-escudo para completar uma missão que já falhara anteriormente: reativar o Sol com uma fissão nuclear. Enquanto seguem se aproximando da estrela, eles também começam a lidar com os mistérios envolvendo a primeira expedição que deu errado.

Crítica

Ainda que tenha sido lançado com um intervalo de menos de uma década com o longa homônimo do húngaro István Szabó, este filme do diretor inglês Danny Boyle não deve ser confundido com o anterior. Sunshine: O Despertar de um Século (1999) tinha Ralph Fiennes à frente de um épico familiar que cruzava gerações, enquanto que Sunshine: Alerta Solar está muito mais próximo de clássicos da ficção científica, como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), Solaris (1972) ou Alien: O Oitavo Passageiro (1979). Na verdade, parece mais uma combinação – nem sempre harmônica, é importante destacar – de alguns dos melhores elementos presentes nestes filmes anteriores, porém reapresentados sob uma nova identidade.

Cinqüenta anos no futuro, nossa estrela-mãe, o Sol, está se apagando – o que não chega a ser um total absurdo; cientistas afirmam que tal cenário irá, realmente, acontecer, muito provavelmente não em tão pouco tempo, mas este destino é inevitável. Uma equipe de técnicos e estudiosos é enviada ao espaço para jogar no núcleo solar uma bomba gigantesca, artefato que seria capaz de “reacendê-lo”. No caminho, os astronautas encontram a nave da primeira missão com o mesmo objetivo, declarada desaparecida após o fracasso da empreitada. Daí surge a dúvida: devem seguir em frente, ignorando qualquer possibilidade de socorro, ou fazer um desvio de percurso momentâneo para tentar descobrir o que aconteceu?

Danny Boyle, após o sucesso de Cova Rasa (1994) – premiado no Bafta – e Trainspotting: Sem Limites (1996) – indicado ao Oscar – virou um nome quente no cinema inglês. Os deslizes começaram com a recepção fria à comédia Por Uma Vida Menos Ordinária (1997) e com a frustração geral que foi A Praia (2000). Depois destes tropeços, promoveu uma bem vinda volta às origens, que resultou no terror apocalíptico Extermínio (2002) e no simpático, porém pouco visto, Caiu do Céu (2004). Em Sunshine: Alerta Solar ele está mais uma vez ao lado do roteirista Alex Garland, uma parceria que o possibilitou retomar a temática do fim do mundo, porém com um olhar mais reflexivo e distanciado.

Boyle e Garland se – e nos – perguntam: é possível enfrentar os desígnios de uma força superior até mesmo à vida? Ou, no caso dos menos crentes, seria justo irmos contra nossa sina até então irremediável? Nos compete o direito de alterarmos a ordem natural das coisas simplesmente para nos favorecer? Não deveria o ser humano se igualar aos demais seres da Terra e se resignar com o que nos é oferecido? No momento em que a nave Ícarus II se posiciona nesta missão suicida em direção ao Sol, escolhe a própria eliminação em favor de todo um universo. E tal sacrifício terá válido? Ou será apenas um paliativo, até que um novo destino, igualmente trágico, seja configurado?

Com a aparência de aventura espacial, este longa estimula a reflexão, porém sem ser didático ou enfadonho. Apesar do início um pouco lento e da reciclagem de antigos conceitos, consegue a proeza de ser original no discurso escolhido, com uma narrativa segura, um elenco competente – que inclui nomes como Michelle Yeoh, Chris Evans e Cillian Murphy – e uma mensagem necessária em tempos de tantas preocupações ecológicas e sociais. Sunshine: Alerta Solar funciona bem enquanto entretenimento e diversão, mas ganha muito mais quando se assume como objeto de análise e discussão. E o melhor, chamando atenção sem ser panfletário.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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