Super Tinga: Herói de Dois Continentes
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Luciano Moucks, Luciana Rodrigues
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Super Tinga: Herói de Dois Continentes
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2019
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Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Ele nasceu nos quadrinhos de super heróis de um morador da periferia, virou monumento público em Porto Alegre, série de TV, game, gerou outros personagens que também viraram monumentos públicos em diversas cidades. Porém, o mais importante, é que o Super Tinga também é herói dos africanos.
Crítica
Criado no final dos anos 1990 por Luciano Moucks, o personagem Super Tinga surgiu como um herói dos quadrinhos, ainda que sua origem seja subversiva – afinal vem da periferia de uma cidade sem nenhuma tradição no gênero – se espelha nos moldes mais convencionais da cultura pop. Sua peculiaridade é ser o defensor da humilde Restinga, mais populoso bairro de Porto Alegre. Em Super Tinga, tem seu reconhecimento retratado em reportagens e imagens de arquivo, além de uma aventura educacional pelo continente africano que poderia funcionar como um extra interessante, não fosse o caráter redundante que termina por assumir. De propósito curioso, a obra se encaixaria bem como um curta-metragem, mas resulta em exageros que levam a um infeliz constrangimento.
Em seu primeiro ato, Super Tinga se revela interessante. Até porque trata de um herói de origem pobre e que logrou certa fama no ambiente que lhe é familiar. Matérias de jornais, trabalhos didáticos em escolas/ONGs e a personificação de Tinga no ator Paulo das Neves até que soam engraçados e vistosos, mesmo que a caracterização pareça a de um recreacionista infantil.
Outro núcleo toma forma quando surge a icônica estátua do herói, construída pelo escultor Fernando Ulisses Guimarães, também morador da Restinga. Sem envolver os idealizadores da ideia ou quem gerou os recursos, ela simplesmente aparece no quintal de Moucks e por lá pode ser vista em algumas cenas. Até o momento, mesmo que com alguns erros de ortografia, apresentados nos títulos dos inacabáveis capítulos, a obra se mantém reflexiva.
Na metade do segundo ato, embarca numa espiral de falta de norte, de narrativa e de sensatez. Super Tinga viaja para a África. Sem qualquer tipo de explicação ou imagens desse recorte, nosso personagem se vê em Uganda. Nesse local absurdamente carente, é recebido como o Superman do Brasil em meio a danças típicas, abraços e autógrafos de pessoas que nitidamente não fazem ideia de quem ele seja.
A partir desse ponto, a direção de Luciano Moucks e Luciana Rodrigues começa a se aproximar do constrangimento. Intermináveis danças, conversas e gritos em línguas típicas da região, estranhas ao protagonista e a qualquer cidadão ocidental, são jogadas ao espectador sem qualquer contexto. O diretor alterna esses momentos com vídeos em formato de selfie falando sobra sua experiencia no continente africano sem nem ao menos se dar ao esforço de contextualizar ambiente, passado ou expectativas futuras.
Em sua apresentação mais convencional, Super Tinga é um herói normal, mas com uma diferença: escolheu seguir na periferia onde nasceu. Ele tem como superpoderes o acreditar sempre, a opção de dar uma segunda chance a todas as pessoas e o resgate da autoestima dos seus vizinhos. De uma singular fabulação, surgida de onde menos se esperava, que resgatou a pureza daquele bairro e nos ofereceu este interessante super-herói, foi desperdiçada a chance de documentar esse bonito retrato de um dos mais subestimados bairros da capital gaúcha.
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