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Sinopse

Superman enfrenta um computador diabólico, programado por um gênio da informática que pretende dominar o mundo. Enquanto trava mais essa batalha, ele se depara com uma kryptonita sintética, que divide sua personalidade em duas: o bom Clark Kent e o mau Homem de Aço.

Crítica

Depois de ter dado início à mitologia cinematográfica do maior super-herói de todos os tempos de forma grandiosa com Superman: O Filme (1978), no filme que estabeleceu o universo do Homem de Aço (Christopher Reeve) no imaginário popular, e de reforçar o caráter de bom-moço salvador do mundo ao confrontá-lo com o perigoso General Zod (Terence Stamp) ao mesmo tempo em que aqueceu o romance do herói com Lois Lane (Margot Kidder) em Superman II: A Aventura Continua (1980), a saga Superman chega capenga neste Superman III, apostando exageradamente no humor que anteriormente era apenas parte das tramas.

A reação em cadeia encenada durante os créditos de abertura de Superman III sinaliza o tom de (muita) comédia aliada a (pouca) aventura e (quase nenhum) suspense que toma conta do longa. Após uma sequência cômica de erros, Clark Kent dá espaço ao Super-Homem para salvar um cidadão que está se afogando dentro de um carro em plena via pública. Sim, na rua. A cena forçada, marcada pelo simples fato de ninguém quebrar o vidro do veículo, indica duas dimensões da fragilidade do filme: uma inerente à trama e seus simbolismos narrativos, e outra relativa à produção como um todo. A situação mostra a dependência cômoda das pessoas com relação ao herói nos momentos mais triviais, o que deixa essa e várias outras ações do protagonista em um âmbito cotidiano, excessivamente corriqueiro e sem graça. Além disso, esta pequena sequencia de abertura também aponta a falta de criatividade geral que domina o roteiro de David e Leslie Newman e a direção de Richard Lester.

Enquanto Clark volta a Smallville para reencontrar o passado, o magnata Ross Webster (Robert Vaughn) cria um plano para tomar conta da produção de petróleo mundial. Para executá-lo, conta com o apoio de Gus Gorman (Richard Pryor), que não consegue manter emprego algum há três anos, mas que de uma hora para outra torna-se uma espécie de hacker de ponta idealizador de um supercomputador capaz de deter o Superman.

O enredo até apresenta um conflito pessoal interessante para adensar o personagem principal, que remete a uma dupla personalidade momentânea, porém seu desenvolvimento é fraco, mal explorado, tornando-o incapaz de salvar o filme. Ao elaborar uma kryptonita alternativa, os vilões promovem uma dissociação psicológica involuntária no Homem de Aço, que passa a negligenciar os perigos do mundo e a se dedicar com mais firmeza às mulheres e ao álcool. Com isso, vemos um curioso Super-Homem bad boy, mais interessado em sua própria vida do que em salvar a vida dos outros.

Porém, essa concepção mundana do filho de Jor-El não basta para salvar o longa do estigma de comédia falha. A retomada de consciência do Superman o leva a uma cena clímax bizarra, fraca em concepção, produção e atuação, na qual o herói precisa derrotar o tal computador, que desenvolveu uma espécie de inteligência artificial... “Inteligência artificial”, no pior dos sentidos, parece ter sido o parâmetro dos roteiristas, dos produtores e do diretor de Superman III para apresentar um filme tão bobo.

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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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