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Sinopse

O mundo está mais ameaçado do que nunca quando Lex Luthor fabrica um homem com a mesma estrutura molecular de Superman. E, portanto, com os mesmos poderes. O desafio está lançado quando a criatura é programada para destruir nosso herói e, conseqüentemente, o planeta.

Crítica

O quarto capítulo da saga do homem de aço estrelada por Christopher Reeve nos cinemas é, pasmem, muito menos pior do que o esperado ao se conferir o título novamente quase trinta anos depois. Apesar do tom cômico predominar e dos efeitos especiais serem um belo exemplar de como NÃO se faz um filme de super-heróis, Superman IV: Em Busca da Paz traz inúmeras qualidades que apenas com uma leitura mais atenta conseguem se tornar perceptíveis. E se tratando de um clássico trash como este, a leitura torna-se mais do que necessária.

A produção não era mais da Warner Bros, preocupada com a recepção morna do tenebroso Superman III (1983) - este sim o pior filme da série – e uma das mais horríveis adaptações de HQs já feitas, perdendo, inclusive, para Batman e Robin (1997). A pequena Cannon Filmes, responsável pela carreira de figuras como Chuck Norris e Jean-Claude Van Damme, tomou para si a responsabilidade de relançar o homem de aço nos cinemas. Porém, a falta de recursos financeiros se chocou contra os já citados péssimos efeitos especiais. Que, na verdade, apesar de serem ruins mesmo, chegam a ser divertidos se o espectador souber desligar a mente na hora que eles são lançados na tela.

Com a Guerra Fria quase chegando ao fim (afinal, estamos da metade para o fim da década de 1980), o filme ainda tenta tocar no principal assunto deste embate entre Rússia e EUA que são as armas nucleares. Porém, é tudo tão raso que chega a ser cômico. Mas não de uma forma negativa. Mais do que ciente de seu papel como Clark Kent e Kal-El, Christopher Reeve está perfeitamente à vontade, muito mais seguro do que nos filmes anteriores e mantendo a personalidade de bom moço do Superman à prova de qualquer crítica. Se antes já não havia dúvidas de que o ator ERA o homem de aço, Superman IV é só o atestado definitivo (mesmo que de óbito para alguns).

O mesmo pode-se afirmar de Gene Hackman como um Lex Luthor bonachão e até atrapalhado inúmeras vezes. Uma mistura de vilões de sitcons norte-americanas com um ar ingenuamente perigoso dos quadrinhos das décadas de 1950. Por sinal, este é um dos grandes ganhos da quarta aventura de Superman nas telonas: um olhar muito mais voltado aos fãs de HQs (mesmo que das mais antigas, em contraponto ao realismo e à violência que predominou esta literatura na década de 1980). Superman IV é uma ode aos aficionados pelo Clark Kent de outrora, o caipira de bom coração que vira um repórter competente, mas atrapalhado, quando não está salvando o mundo.

Muito disso se deve ao roteiro  de Lawrence Konner e Mark Rosenthal. É claro, tente não dar bola para alguns furos imperdoáveis como um ser humano conseguir respirar no espaço. Por outro lado, os limites dos poderes do Superman nunca foram testados de forma tão exaustiva, tornando-o um pouco mais humano e mais longe da perfeição que os filmes anteriores nos faziam acreditar. E o mais impensável de tudo: o Homem Nuclear (Mark Pillow) consegue ser um dos vilões mais poderosos e bem construídos da cinessérie (só perde, é claro, como deveria ser, para o Zod de Superman II, 1980) mesmo que seu figurino e maquiagem lembrem mais o He-Man que qualquer outra coisa.

Fosse lançado diretamente para a TV, talvez o impacto negativo não fosse tão grande quanto o da época de sua estreia. Porém, Superman IV nos conquista e faz pensar que, mesmo que muitas coisas pudessem ter sido trabalhadas de outra forma, este ainda é um filme estrelado por um dos heróis mais icônicos de todos os tempos. E porque, é claro, Christopher Reeve será eternamente o homem de aço. Mesmo que Henry Cavill prove ter cacife o suficiente para sustentar o título pelos próximos anos com o reebot lançado este ano nos cinemas.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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