Crítica
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Sinopse
Minoria étnica da Birmânia, os Ta’ang estão entre uma guerra civil e a fronteira com a China. O cotidiano desse povo passa a ser marcado pela necessidade de deixar seus lares e a esperança de um breve retorno.
Crítica
“Gostaria que eles parassem de lutar para eu voltar para a casa”, diz uma das mulheres Ta’ang que se viu forçada a sair do lar por causa dos conflitos que eclodiram em Myanmar, na região Kokang, onde vivia. Ela e mais 100 mil pessoas tiveram de abandonar o local e tentar melhor sorte na China, visto que a região faz fronteira com o país. O diretor Wang Bing foi até essas pessoas, ligou sua câmera e registrou o que viu. Como se pode imaginar, o que assistimos é um retrato devastador de uma realidade dura, de uma guerra civil que se estende por muito tempo. No entanto, a força daquelas pessoas é tamanha, que é impossível não pensar que, por mais que tudo pareça perdido, elas encontrarão um meio de, ao menos, sobreviver. Claro que elas mereceriam uma realidade muito melhor do que essa.
Ta’ang já abre com uma sequencia chocante. Uma mãe e seus filhos estão debaixo de uma tenda improvisada, no campo de refugiados entre Myanmar e China, quando um homem ordena a ela que saia dali, dada a periculosidade das vigas que estão sob sua cabeça. Ela não dá ouvidos, enquanto ele a chuta. “Se você não sair daí, chutarei de novo. Precisa tomar cuidado com essas crianças” – afirma o sujeito, com uma visão um tanto deturpada de como promover segurança. Minutos depois, a comida chega, em sacos plásticos. Crianças enfiam as mãos em bocados de arroz com picles, com o alimentando quase tocando o chão, matando a fome como podem. E isso é só o começo.
Wang Bing não grava entrevistas, fazendo um documentário observacional. Imagina-se que a tarefa seja dura, ao observar tanta miséria frente aos perigos que a estrada reserva e, como um mero observador, não poder ajudar ou se intrometer naquelas ações. A comunicação do filme para com o público se dá através das conversas entre os refugiados, que buscam na China, nas plantações de cana de açúcar, uma possibilidade de ganhar algum dinheiro para sustentar as volumosas famílias.
“Não é seguro em lugar algum”, diz um dos refugiados, enquanto conversa com um vizinho que havia afirmado: “deveríamos ter saído mais cedo”. Enquanto o barulho de bombas e tiros é trazido pelo vento, naquelas íngremes montanhas, pais, mães, avós tentam comandar o êxodo, enquanto as crianças, ao menos isso, são preservadas pela inocência infantil. São as únicas que conseguem rir e brincar um pouco naquele cenário, um bálsamo em uma situação tão complicada.
Comandando um documentário forte, com bom ritmo e cenas marcantes, Wang Bing transforma Ta’ang em um importante retrato da situação bélica da região de Mianmar. Embora algumas daquelas pessoas retratadas no longa tenham conseguido retornar a Kokang, os conflitos seguem. Quantas mais terão de deixar suas casas até essa guerra civil terminar?
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 8 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 7 |
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