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Crítica


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Sinopse

Henry DeTamble conheceu Clare Abshire quando tinha apenas 6 anos, em um campo perto da casa de seus pais. Logo eles se tornaram grandes amigos, avançando para confidentes e depois amantes. Só que há um problema: o futuro de Clare é o passado de Henry. Ele é um viajante do tempo, devido a uma modificação genética rara que o faz levar a vida sem saber em que época estará. O fato de Henry conhecer o futuro sempre incomodou Clare, mas agora a situação se inverteu. Quando Henry volta no tempo para encontrar Clare aos 6 anos, é ela que, em sua fase adulta, sabe qual será o futuro de seu amado.

Crítica

O nome de maior destaque no cartaz de Te Amarei Para Sempre não é o de um dos protagonistas, muito menos o do diretor. É, sim, o do astro Brad Pitt, que assina o filme como um dos produtores. E há até uma lógica por trás disso, pois foi por causa dele que esse livro chegou a ser adaptado para as telas! Verdadeiro best seller, A Mulher do Viajante do Tempo (título original do livro, já lançado no Brasil) teve seus direitos para o cinema adquiridos por Pitt e sua namorada na época, a atriz Jennifer Aniston. Os dois pensavam em estrelar juntos a versão cinematográfica, mas a separação deles impediu que este plano se concretizasse. Sorte dele, pois conseguiu escapar este pequeno desastre, se contentando apenas com o tilintar das bilheterias!

Por mais incrível que possa parecer, Te Amarei Para Sempre, mesmo tendo sido um fracasso de crítica – é um dos roteiros mais inverossímeis e desprovidos de lógica da temporada – conquistou um público disposto a se deixar levar pelas desventuras e desencontros de um casal que sofre de um contratempo ‘genético’ (!): ele possui uma rara doença (!!) que o leva a viajar pelo tempo de forma incontrolável (!!!). Ou seja, uma hora está aqui, e no segundo seguinte, mesmo contra sua vontade, pode simplesmente desaparecer e ir parar 40 anos no passado ou 20 no futuro, sem a menor noção de como fez isso ou quanto levará até que possa voltar a sua época original. E, enquanto isso, ela tenta levar uma vida normal, mesmo que isso signifique muitos momentos de solidão, a ineficácia de qualquer tipo de planejamento e até mesmo uma dificuldade em engravidar.

Com a desistência do casal Pitt-Aniston, quem assumiu os personagens principais foram os pouco convincentes Eric Bana e Rachel McAdams. Não que sejam atores fracos – muito pelo contrário, aliás – mas pelo simples fato de não haver uma química forte entre eles (os dois possuem 10 anos de diferença). Bana é o típico galã sedutor e irresistível, mas talvez necessitasse aparentar uma maior fragilidade e insegurança – afinal, seu personagem não consegue controlar o que faz. McAdams, linda e competente, mostrou em outros trabalhos ser muito hábil em provocar rios de lágrimas na platéia, mas aqui parece estar um pouco acanhada, assumindo uma timidez que lhe é estranha. O roteiro inconsistente de Bruce Joel Rubin (Ghost, 1990) e a direção pesada de Robert Schwentke (Plano de Vôo, 2005) não oferecem nenhuma colaboração neste sentido. Assim, o que temos são elementos que separadamente até funcionariam, mas que em conjunto soam fora de sintonia.

Tendo faturado ao redor do mundo quase o dobro do seu custo, que foi de aproximadamente US$ 40 milhões, Te Amarei Para Sempre escapou de ser um mau negócio – ao menos para os seus investidores. Mas se o assunto em questão se refere aos talentos envolvidos, o resultado é bastante questionável. Com uma premissa absurda, dois atores que não conseguem entender muito bem o que fazem e uma trama mais preocupada em provocar emoções baratas do que estimular a reflexão e o questionamento, obtém-se um drama choroso e insustentável, que não deverá satisfazer por completo nem os fãs mais ardorosos do gênero.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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