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Sinopse

Um piloto de helicóptero de busca vai, junto com sua esposa, até São Francisco para salvar a filha dos dois, que está em perigo devido a um terremoto causado pela Falha de San Andreas – uma falha geológica localizada na Califórnia.

Crítica

Cinema é arte. Mas também é entretenimento. E quem aprecia vivenciar na sala escura realidades imagináveis apenas no ambiente da ficção audiovisual deve se divertir bastante com Terremoto: A Falha de San Andreas. O longa, que capitaliza em cima da imagem do astro Dwayne Johnson – que segue em cartaz no multibilionário Velozes e Furiosos 7 (2015) – é um legítimo representante de um subgênero que fez muito sucesso nos anos 1970: o filme-catástrofe. E como prega a ordem atual das coisas, a trama tenta se basear em dados científicos aparentemente críveis para investir na menor das possibilidades e, com isso, dar vazão a um cenário terrível e perturbador, mas repleto de oportunidades para gerar momentos de tensão e de alta carga emocional. Ou seja, atira-se para todos os lados, ainda que ao menos um dedo do pé tente permanecer fincado na realidade.

San Andreas é uma das regiões mais instáveis do planeta. Ela se situa na costa dos Estados Unidos, próximo a Los Angeles e São Francisco, bem no encontro de duas placas tectônicas e está em constante movimento – só que, em 99% das vezes esses ‘encontros’ são imperceptíveis na superfície. Porém, uma vez a cada 150 anos, mais ou menos, tais embates geológicos geram repercussões maiores, em um evento conhecido como ‘terremoto’. Ao invés de profissionais do governo, o que temos à disposição para fornecer os dados técnicos é um cientista, personagem de Paul Giamatti. O ator oferece ao seu personagem autoridade suficiente para que seus relatos soem alarmantes, e ainda que em nenhum momento chegue a participar diretamente da ação, é ele quem primeiro percebe o tamanho do estrago que está por vir. E após conseguir transmitir seu alerta em rede nacional, começa uma corrida no estilo ‘salve-se quem puder’.

Ao contrário dos demais filmes do gênero, Terremoto: A Falha de San Andreas não tem muito núcleos narrativos. Além do centro de estudos que consegue prever com pouquíssima antecedência a catástrofe de proporções épicas que está para começar, há apenas a família de Ray (Johnson), um bombeiro especializado em resgates altamente difíceis. Ele está num helicóptero quando sua ex-mulher, Emma (Carga Gugino, em sua terceira parceria com The Rock, após Rápida Vingança, 2010, e A Montanha Enfeitiçada, 2009) lhe liga desesperada do alto de um prédio prestes a ruir. Após salvá-la, os dois precisam buscar a filha, Blake (Alexandra Daddario), que está a quilômetros de distância, no ápice da tragédia, acompanhada apenas de dois irmãos ingleses (Hugo Johnstone-Burt, que se torna seu interesse romântico, e o pequeno Art Parkinson, que há pouco foi o filho do Conde Vlad em Drácula: A História Nunca Contada, 2014) que conheceu naquele dia. Cada um, ao seu modo, tentará sobreviver a este terrível dia, tendo como único objetivo saírem vivos e se reencontrarem após tudo se acalmar.

Um ponto positivo deste filme, e que reflete uma tendência atual também percebida nos contemporâneos Vingadores: Era de Ultron (2015) e Mad Max: Estrada da Fúria (2015), é que não se perde tempo em nenhum momento da trama. Logo de início já temos um acidente de trânsito que deixa uma garota dependurada dentro do seu carro em um precipício, quando Ray revela sua condição de herói salvando-a no último minuto. Logo em seguida, no entanto, o verdadeiro incidente começa. E, a partir de então, é um susto atrás do outro, sem muito espaço para respiros. Prédios vindo abaixo, crateras se abrindo em plenas rodovias, lojas implodindo, represas arrebentando, tsunamis varrendo tudo que surge pela frente: ou seja, colapso geral e ininterrupto.

Talvez com esse filme o diretor Brad Peyton – que havia trabalhado com Johnson antes em Viagem 2: A Ilha Misteriosa (2012) – se revele ser um novo Roland Emmerich, e não seria por acaso. Afinal, o bom uso dos efeitos visuais está ao lado de diálogos risíveis e sequências aparentemente emotivas que mais atrapalham a fluidez da história do que contribuem no seu desenvolvimento, exatamente como acontecia nos trabalhos mais populares do cineasta alemão, como O Dia Depois de Amanhã (2004) e 2012 (2009). Há ainda desperdício de nomes de destaque, como a cantora Kylie Minogue e o astro adolescente Colton Haynes, que saem de cena tão rápido que quase não chegamos a notar suas presenças. Entretanto, se resvala ao buscar uma profundidade que os elementos aqui dispostos são incapazes de atingir, Terremoto: A Falha de San Andreas ao menos entretém à altura das expectativas, sem se encolher diante de sucessos similares anteriores.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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