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Crítica


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Sinopse

Mortes acontecem numa estação de pesquisas na Antártida e cabe à única policial do local investigar os motivos. Ela precisa correr contra o tempo, tendo apenas três dias antes que o complexo feche por conta do fim do inverno.

Crítica

São tantos os problemas de Terror na Antártida que é um pouco difícil saber por onde começar. Mas se pararmos um pouco veremos que a escolha da atriz Kate Beckinsale como protagonista talvez seja o maior deles. Afinal, ela é bela e frágil demais para convencer como estrela de ação. E se ela não convencia nem na saga Anjos da Noite (que era dirigida pelo próprio marido, o cineasta Len Wiseman, e da qual foi excluída do terceiro episódio), em que habitava um universo fantástico de lobisomens e vampiros, imagina numa trama mais adulta e calcada na realidade. Ou quase isso. Sem suporte do elenco de apoio e com um diretor habituado a se preocupar mais com o visual do que com o conteúdo, o resultado não teria como ser nada menos do que constrangedor.

A trama é absolutamente clichê – e, apesar do equivocado título brasileiro, não se trata de um filme de terror, e sim de um suspense policial. Beckinsale é uma traumatizada agente policial que decide ir para uma estação na Antártida se recuperar, apostando que não encontraria nada por lá que a preocupasse. Porém as coisas não saem exatamente como o previsto, e na véspera de voltar para casa ela se depara com um serial killer. Na tentativa de desvendar a identidade do assassino e prendê-lo, ela se depara com um acidente aéreo no meio do Pólo Sul e um segredo industrial aparentemente perdido, mas que pode ser a razão de todas as mortes.

Baseado numa história em quadrinho criada por Greg Rucka (que já escreveu para o gibi do ‘Batman’) e Steve Lieber, Terror na Antártida ficou mais de um ano na ‘geladeira’, esperando por uma data de lançamento. Isso, obviamente, nunca é um bom sinal. Neste meio tempo, não só reajustes na edição e na pós-produção foram providenciados como o próprio enredo perdeu muito de sua força. Como resultado o longa, que teve um orçamento em torno de US$ 40 milhões, arrecadou cerca de um quarto deste valor nas bilheterias de todo o mundo. Um desempenho tão fraco quanto o próprio resultado artístico do projeto, apontado pela crítica especializada como carente de um argumento mais convincente e de boas cenas de ação que justificassem um interesse mais relevante. Do jeito que está, no entanto, é quase um telefilme, com a diferença de se tratar de uma produção de primeiro time.

Se Kate Beckinsale não serve como garantia, os outros créditos envolvidos também não despertam muita atenção. Os coadjuvantes Gabriel Match (The Spirit, O Filme) e o veterano Tom Skerrit (Top Gun) estão tão pálidos quanto o gélido cenário que os cercam, com performances apagadas, assim como a do diretor Dominic Sena (Swordfish: A Senha), que simplesmente não possui força necessária para imprimir em seus personagens a profundidade que nos convença de seus dramas enfrentados.  E sem nos importarmos com a resolução do mistério ou mesmo com o destino dos envolvidos, tudo o que esperamos é por uma resolução minimamente convincente. E o pior é que nem isso acontece. Ou seja, o melhor é esquecer, e o mais rápido possível.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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