The Dark Matter of Love
Crítica
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Sinopse
Masha tem 11 anos e está prestes a ser adotada pela família de Cami, de 14 anos. Masha foi criada em um orfanato russo. Cami nasceu e cresceu em Wisconsin e é o foco exclusivo do amor de seus pais a vida toda. O processo de Masha entrar para a família vai mudar a vida das duas meninas para sempre. O filme acompanha Masha, desde sua saída da Rússia até o seu primeiro ano com a família Diaz, que também adotou os gêmeos de 5 anos Marcel e Vadim.
Crítica
Os primeiros minutos de The Dark Matter of Love deixam evidentes o conteúdo delicado e dramático que o filme se propõe a apresentar. Em uma rápida sequência, conhecemos três órfãos: a introspectiva Masha, de 11 anos, e os gêmeos Marcel e Vadim, com cinco anos, habitantes de diferentes lares temporários instalados na opressiva paisagem de Arcangel, no norte da Rússia. Suas vidas são rapidamente transformadas quando um casal norte-americano os adota, intencionados a ampliar a família até então formada apenas por eles e por uma filha adolescente.
Claudio e Cheryl Diaz se casaram enquanto trabalhavam na Disneylândia, no início dos anos 1990, e conceberam apenas uma filha, Cami, seguida por uma série de tentativas frustradas de terem outros filhos. Convencidos de que a adoção pode realizar o sonho do casal em ter uma verdadeira família Disney – como eles próprios justificam –, decidem superar toda a burocracia que a prática envolve, ainda maiores quando elegem a adoção internacional.
Enquanto toda a idealização ao redor deste sonho se esfacela, os dilemas, sofrimentos e pequenas conquistas desta incomum família são apresentados de maneira pouco invasiva e complacente com a situação, em contraste com materiais de arquivo que revelam estudos científicos de várias épocas sobre a criação de laços entre pais e filhos. Muito perspicaz, a cineasta Sarah McCarthy ainda dedica um importante espaço dentro de seu documentário para as análises do Dr. Robert Marvin, que dedicou sua vida a um programa terapêutico sobre o assunto.
A partir de uma envolvente narrativa, McCarthy, em seu quarto filme, elabora um retrato muitas vezes dilacerante que se divide entre o documentário tradicional e o cinema vérité, constantemente interrompido por análises psicológicas e até mesmo antropológicas sobre seu delicado tema. Enquanto acompanha os esforços do casal Diaz para criar laços afetivos com seus novos filhos, a documentarista esbarra em uma série de outros dilemas passíveis de profundas análises. Entre eles, as barreiras culturais e até mesmo idiomáticas enfrentadas pelo novo núcleo familiar e as constantes dúvidas relacionadas a questão, problema que pontua todo o projeto: a tal matéria escura do amor, que parece impedir que o sentimento floresça em crianças que cresceram sem quaisquer perspectivas de uma formação familiar tradicional.
Durante um ano, a cineasta manteve suas câmeras capturando o progresso da família Diaz. O que começa como uma entusiasmada aventura cômica sobre sonhos que se aproximam da realidade logo se transforma num drama de proporções trágicas e incontornáveis. Cami passa a se sentir excluída e esquecida pelos pais, cada vez mais exaustos e distantes enquanto questionam suas escolhas, e os novos membros da família também sofrem. Masha cria uma persona impassível e dura que não se deixa afetar por nada – seja para o bem ou para o mal – e então começa a competir com Cami por atenção. Os gêmeos, que constantemente insultam os pais em russo em suas típicas estripulias infantis, escapam das regras familiares com muitas lágrimas, gritos e até mesmo violência. Nos momentos mais sérios, o desejo é que alguma Supernanny apareça para reparar todos estes dilemas – mas a situação é muito mais complexa do que qualquer terapia televisiva poderia resolver.
Curiosamente, The Dark Matter of Love foi lançado pouco tempo depois que o presidente russo Vladimir Putin baniu adoções de crianças por famílias norte-americanas, em especial devido as leis permissivas do país quanto a união homossexual. Em seu retrato intimista, McCarthy questiona a dificuldade de crianças que cresceram sem pais a se sentirem acolhidas por suas famílias adotivas. Com a carência de afeição durante seus primeiros anos, é possível que estas crianças voltem a amar e permitam ser amadas? Masha, Marcel, Vadim, Cami, Claudio e Cheryl permitiram ao mundo conhecer algumas possíveis respostas num dos filmes mais tocantes realizados recentemente.
Esta história é um documentário verídico ou todos são atores?
Esta história é verídica ou todos são atores?
Olá, Rodrigo! Obrigado pelo comentário. O filme está disponível com legendas em português no catálogo do Netflix brasileiro. Um abraço!
Ótima dica, porém gostaria de saber se este filme está disponível em versões legendada ou dublada? Abraços