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Sinopse

Hester é esposa de um importante juiz de Estado na década de 1950. Para diminuir a frustração pelo relacionamento sem contato sexual, ela começa um romance paralelo com um piloto aéreo perturbado por experiências de guerra.

Crítica

Até que ponto o amor pode se tornar uma obsessão? Optar entre uma vida calma e confortável ou outra explosiva e com altos e baixos? Só se conhece alguém de verdade quando se mora com esta pessoa? Estas são apenas algumas das questões lançadas por Amor Profundo, drama romântico que, apesar do estilo parecer convencional, é recheado de metáforas sobre o que acontece na mente humana e, por que não dizer, no coração.

Rachel Weisz vive a perturbada protagonista, Hester. Já de cara o público é apresentado à tentativa de suicídio da personagem, que é salva por seus vizinhos de prédio na Londres de 1950. Ela é casada com o juiz William Collyer (Simon Russell Beale, de Sete Dias com Marilyn, 2011) em uma relação carinhosa, mas não sexual. A atração física e a paixão fulminante tomam a forma do piloto aéreo Freddie Page (Tom Hiddleston, mais conhecido como o Loki de Thor, 2011, e de Os Vingadores, 2012) e é por conta deste sentimento sufocante que Hester pretendia dar fim à própria vida. A explosão acontece no dia do aniversário dela, que Freddie esqueceu. Pode parecer uma desculpa fútil para uma fuga através da morte, mas Hester exprime tudo que sente e fala, o que acaba sendo compreensível para entendermos as ações da personagem.

Por sinal, fica difícil saber o que é realidade e o que é ficção dentro da narrativa, já que o ponto de vista do roteiro é contado através da mente confusa de Hester. A partir da sua suposta tentativa de suicídio se começa a amarrar a trajetória da protagonista, fazendo uso de alguns momentos-chave, desde quando conhece Freddie à deterioração da relação com William (aplacada num encontro com a então sogra, uma mulher que questiona a razão das paixões). Porém, a falta de sincronia não apenas temporal, mas que acaba por favorecer e justificar suas ações, parece mostrar que alguns acontecimentos acontecem apenas na mente de Hester.

Terence Davies dirigiu e adaptou o roteiro de Amor Profundo, que antes já havia sido encenado no teatro. A produção acaba sendo exatamente isto: um espetáculo filmado. Os cortes são tradicionais e podem não chamar muito a atenção do público pela estética. O que se destaca são os diálogos longos e honestos, porém nunca tediosos ou irrelevantes (e que remetem ao estilo de Elia Kazan, autor de obras como Uma Rua Chamada Pecado, 1951), além de um show de atuações, especialmente da protagonista. Rachel Weisz merecidamente está sendo indicada e ganhando prêmios pela complexidade com que construiu sua Hester, uma mulher dependente do amor, obcecada pela sua paixão e que questiona a todo tempo suas decisões, mas expressa isso não pela fala, e sim por suas atitudes, seus trejeitos contidos, sua explosão na hora de revelar o que está coberto pela casca.

Hester é a alma de Amor Profundo. E quem assistir deve estar preparado para se jogar num complexo e profundo oceano de emoções, como o próprio título sugere. O final, assim como a excêntrica mente da personagem principal, não oferece respostas fáceis ao seu destino. Porém ajuda a entender que nenhum sentimento deve viver em claustrofobia, pois a qualquer hora ele pode emergir da superfície e causar sérios danos, para o bem ou para o mal.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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