Crítica
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Sinopse
Um ex-atirador da Marinha, agora fazendeiro do Arizona, precisa ganhar a vida para evitar um despejo. Mas, boa parte de suas concepções muda quando ele encontra dois imigrantes ilegais, mãe e filho, que precisam de ajuda.
Crítica
Apesar de Arnold Schwarzenegger ter se anunciado como tal há quase três décadas, o último grande herói de fato é Liam Neeson. E se esse já enfrentou meio mundo para salvar a filha, a esposa, amigos, funcionários e até a própria pele, em Na Mira do Perigo escolhe um novo inimigo – um cartel mexicano – e resolve oferecer sua proteção para um legítimo desconhecido – no caso, uma criança órfã, filha de uma vítima dos traficantes. Se esse cenário foi visto e explorado à exaustão pelo cinema hollywoodiano, é certo que a escolha do astro como protagonista oferece um charme especial ao conjunto, agradando não apenas aos fãs do ator, como também aos interessados por thrillers do gênero. É de se lamentar, no entanto, que nem mesmo seu esforço seja suficiente para elevar o conjunto de seu viés genérico, muito devido às soluções pouco inspiradas oferecidas pelo diretor e roteirista Robert Lorenz.
O roteiro – criado a seis mãos, pois contou ainda com o envolvimento de Chris Charles e Danny Kravitz (ambos estreantes na função) – se desenvolve quase como se seguisse uma cartilha pré-estabelecida. Num primeiro momento, o espectador é convidado a conhecer a rotina de Jim, um ex-fuzileiro que atravessa uma situação de desencontro, após ter perdido a mulher para uma doença e estar em vias de ter suas terras tomadas pelas dívidas. É importante perceber que essas explanações se dão de modo bastante didático, através de diálogos expositivos e, na maior parte das vezes, desnecessários – se há uma foto da esposa, e essa não se encontra na casa, é certo que uma tragédia se abateu, dispensando a conversa posterior que serve apenas para reforçar o que o espectador havia intuído por conta própria. Essa reiteração de informações adjacentes, porém tratadas como se cruciais para o enredo, é uma característica não apenas gratuita, mas que termina por soar como ruído, prejudicando o avanço da narrativa.
Quanto à história de Miguel (Jacob Perez), o menino que fica sob sua responsabilidade, o que se vê é um desenrolar de acontecimentos absolutamente clichês, como se todo olhar ao sul da fronteira se desse da mesma forma. É a ligação desesperada, o aviso de “pegue suas coisas e saia de casa agora”, a fuga descontrolada pelo deserto e o embate que deixará uma vítima pelo caminho. Jim é adicionado à equação de forma gratuita – é aquele que passava pelo local errado na pior hora – e se vê assumindo uma tarefa que não era sua, mas que decide levá-la à cabo em nome de uma honra muito própria. Pois esse é o tipo criado por Liam Neeson – mesmo quando interpreta um bandido, como no recente Legado Explosivo (2020), possui seus motivos e é preciso que a plateia não apenas o compreenda, mas também parta em sua defesa. Imagina aqui, portanto, em que aparece tentando salvar a vida de um garoto abandonado?
Apesar das três indicações ao Oscar que conta em seu currículo (todas como produtor de longas dirigidos por Clint Eastwood), Robert Lorenz deixou claro não ter aprendido muito com o veterano cineasta em sua primeira experiência como realizador (o mediano Curvas da Vida, 2012). Nesse segundo exercício, mais uma vez coloca as suas fichas no talento do protagonista, porém o cerca de um conjunto tão pouco inspirador que termina por entregar ao espectador algo que, mesmo nos seus melhores momentos, não consegue ir além do descartável. Até as referências mais pontuais – como quando um cachorro de estimação é assassinado, o que poderia servir de deixa para uma história de vingança aos moldes de John Wick – são desperdiçadas, mais por serem deixadas de lado do que pela força que poderiam mostrar em cena. Reflexo imediato da falta de habilidade do realizador em lidar com os elementos que ele próprio trata de agregar à trama.
Por mais que seu desfecho seja amplamente previsível – e discorra exatamente da forma como se espera – Na Mira do Perigo evita se tornar um programa incômodo basicamente pela excelência que Liam Neeson, mesmo com quase setenta anos, segue apresentando. Inevitável também a reflexão de que, pelo excesso com o qual tem visitado sempre o mesmo tipo de personagem, esse tem se mostrado cada vez mais desgastado e irrelevante em suas missões. Títulos igualmente genéricos, como o primeiro Busca Implacável (2008), A Perseguição (2011) ou mesmo Sem Escalas (2014), que deveriam ser não mais do passatempos divertidos, acabam por se destacar diante de trabalhos mais recentes de sua filmografia, como esse que agora entrega. Tanto ele quanto seu público mereciam mais.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Leonardo Ribeiro | 4 |
Lucas Salgado | 3 |
MÉDIA | 3.7 |
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