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Sinopse

Num futuro não muito distante, a Austrália teve sua paisagem transformada ao ponto de se tornar quase inóspita. O motivo? Uma grave crise econômica mundial. Um sujeito que teve seu carro roubado por uma gangue resolve atravessar esse terreno ermo em busca de seu bem mais precioso.

Crítica

Super premiado pelo sucesso de Reino Animal (2010), David Michôd criou, escreveu, produziu e dirigiu The Rover: A Caçada, projeto que alimentava desde 2007 com o ator Joel Edgerton. Exibido no Festival de Cannes 2014 fora da competição oficial, o filme teve sua primeira sessão com sala cheia e murmurinho ao final combinando com palmas desanimadas. Isso porque existia a promessa de uma nova – e boa – trama pós-apocalíptica, mas que acabou sucumbindo a uma "normalidade cinematográfica".

A história se passa na Austrália, dez anos após um colapso econômico que instaurou o caos no mundo. Eric (Guy Pearce), após parar na beira da estrada e entrar em um estabelecimento, tem seu carro roubado por três assaltantes em fuga. Decidido a recuperar seu automóvel, inicia uma perseguição sem limites com o carrão abandonado pelos bandidos e contará ainda com um auxílio e tanto: Henry (Robert Pattinson) o irmão mais novo de um deles, deixado ferido no local do crime. É quando começa um road movie meio desgovernado, apesar da boa qualidade das imagens (não digitais), do som e da trilha, incrementada com ruídos altamente "climatizantes".

Revelando (e explorando mal) alguns pontos de reflexão sobre o comportamento da sociedade em situações-limite, o roteiro se perde em armadilhas bobas. Chega a ser infantil, por exemplo, o momento em que uma perseguição iniciada de maneira criativa descamba para o absurdo, quando os criminosos não pensam em recuperar o próprio carro, muito melhor do que o roubado do protagonista. Sem contar que "as cotas" de mortes, reservadas para asiáticos, anões... Achou bizarro? Imagine então encontrar nesse mundo de pernas pro ar (um faroeste moderno) um quarto de hotel arrumadinho. Faz algum sentido?

Para aqueles que já conseguiram enxergar uma inevitável, e até honrosa, conexão com Mad Max (1979), é por aí mesmo. A diferença é que a originalidade do longa estrelado por Mel Gibson é um de seus principais trunfos, além da motivação universal do protagonista. Neste de agora, Michôd deixa para revelar o motivo de tamanha obstinação no final e o resultado, para muita gente, não tem pedigree algum. Para os curiosos sobre a atuação da dupla, Pearce faz um bom personagem mau, enquanto que Pattinson está somente ok, com caretas e gaguejadas bem próximas das já "realizadas" durante a saga Crepúsculo.

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é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.
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