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Sinopse

Thor luta para salvar a Terra e os Nove Reinos de um inimigo sombrio que destrói o próprio universo.. mas uma antiga raça liderada pelo vingativo Malekith retorna para levar o universo de volta às trevas. Enfrentando um inimigo que até mesmo Odin e Asgard não são capazes de derrotar, Thor precisa embarcar em sua jornada mais perigosa e pessoal, que o reunirá com Jane Foster e o forçará a sacrificar tudo para nos salvar.

Crítica

Quando Thor foi lançado nos cinemas em 2011, Kenneth Branagh demonstrou que sabia ser um diretor que unia seus talentos shakespearianos ao cinema pipoca. Porém, vários defeitos foram encontrados no filme, seja a história rasa com um desfecho fraco ou a falta de ação em um lugar praticamente isolado do resto do mundo. Um longa divertido, mas sem maiores atrativos além de apresentar um dos protagonistas de Os Vingadores (2012). Agora com o terreno mais do que preparado, com um roteiro eficiente e um visual fantástico, a nova aventura do deus nórdico, Thor: O Mundo Sombrio, faz jus ao título e é um dos melhores entretenimentos do ano!

Como visto no já citado Os Vingadores, Loki (Tom Hiddleston) está preso em Asgard, que agora comemorar a paz dos Nove Reinos comandados por Odin (Anthony Hopkins).  A coroação de Thor (Chris Hemsworth) se aproxima, mas o herói continua perdido em pensamentos por sua amada Jane Foster (Natalie Portman), que agora está em Londres investigando uma espécie de portal com outros universos – apesar da própria não saber disso. O que acontece é a tal Convergência em que o limite entre os nove mundos é estreitado, oportunidade perfeita para Malekith (Christopher Eccleston), o rei dos Elfos Negros dado como morto há cinco mil anos, despertar e colocar em prática seu plano de lançar a escuridão em todos os lugares.

Em Thor: O Mundo Sombrio, tudo é maior, mais grandioso. O espetacular design de produção apresenta detalhes de cada um dos nove mundos (sim, a maioria aparece, para a alegria dos fãs dos quadrinhos) e a maior parte da ação ocorre fora da Terra – um alívio para o público, já que uma das principais falhas do primeiro filme era justamente o pouco espaço que Asgard tinha em tela. Desta vez com uma ameaça realmente global que tem como centro o Meridiano de Greenwich, Thor e seus colegas viajam por vários locais com a presença de Jane, que foi “possuída”, assim digamos, pela arma molecular de Malekith que estava escondida.

Com pouco tempo no nosso planeta, o diretor Alan Taylor tem a oportunidade de explorar mais a mitologia viking. Mesmo que uma tragédia abale Asgard, a mesma rende uma belíssima sequência que mostra o ritual de homenagens aos mortos dos nórdicos. Porém, mesmo com a ameaça iminente e com mortes que podem causar lágrimas no espectador, o roteiro não esquece do humor, seja através de Darcy (Kat Dennings), a estagiária de Jane que agora, pasmem, também tem um estagiário, ou do próprio Loki, mais afiado do que nunca. Em contrapartida, Thor mostra que amadureceu muito desde sua primeira batalha na Terra e agora não é mais um fanfarrão descerebrado, mas sim um líder inteligente que traça estratégias de guerra para conquistar seus objetivos. O seu plano para ir ao mundo dos elfos é retratado através de uma bela edição que contrapõe as idéias e os resultados da possível conquista.

Muito além do visual e das excelentes cenas de ação (a batalha em Londres, Asgard e todos os outros mundos convergindo é a melhor do ano), o elenco afiado merece atenção. Chris Hemsworth e Tom Hiddleston estão mais do que nunca à vontade em seus papeis e a química dos dois como irmãos está crível, cada um realçando suas diferenças, mas mostrando os pontos em comum. Hoje é impossível imaginar outros atores na pele do herói e do vilão. Mesmo com a atenção voltada a eles, há espaço para todos no elenco, inclusive a Frigga de Rene Russo, que mal se via no longa anterior e agora mostra ser perigosa nas lutas!

Talvez o único ponto fraco seja o próprio Malekith, que nas HQs é um vilão interessante, mas em tela, mesmo com seu visual assustador, peca por ter objetivos muito rasos. Transformar os nove mundos em pura escuridão soa clichê demais. Porém, mesmo este aspecto não diminui a qualidade do filme, pois o importante é a interação de Thor e Loki com os demais personagens e como este processo resulta em desfechos mais do que interessantes que, espero, sejam explorados num terceiro capítulo. Ganchos não faltam para isto, especialmente um que vai fazer os “thormaníacos” pularem da cadeira.

Devido ao seu excelente trabalho, Alan Taylor, diretor mais conhecido por atuar na televisão (especialmente no seriado Game of Thrones, que traça vários paralelos com o mundo do Deus do Trovão) já foi escolhido para dirigir O Exterminador do Futuro: Gênesis, previsto para 2015. Méritos não lhe faltam, pois Thor: O Mundo Sombrio cumpre e vai além do que promete. Se os fãs da Marvel estavam preocupados com o futuro da franquia após a polêmica de Homem de Ferro 3 (2013), que dividiu opiniões, desta vez eles podem ficar sossegados:  esta é uma das melhores produções de ação do ano e, provavelmente, uma das melhores desde que a saga da chamada Casa de Idéias começou em 2008. E fiquem ligados após os créditos, pois há uma cena que remete diretamente a um dos próximos lançamentos do estúdio, Guardiões da Galáxia, a ser lançado em agosto de 2014, e que traz um dos personagens mais poderosos das HQs interpretado por um excelente ator – que é de bom tom não divulgar por conta do spoiler. Resta saber o que ele fará a partir do “contato” feito ao final do filme...

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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