Crítica
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Sinopse
Shaun trabalha como vendedor e divide uma casa com seu melhor amigo. Ele costuma ir sempre ao pub local, mas Liz, sua namorada, está cansada de fazer sempre o mesmo programa. Irritada, ela decide terminar a relação. Shaun, arrasado, decide beber todas, sem notar que as pessoas à sua volta estão se tornando zumbis.
Crítica
Os filmes de zumbis se recusam bravamente a morrer. Revisitado à exaustão, geralmente a partir de abordagens equivocadas, o subgênero vez ou outra é apresentado com originalidade. Um dos grandes exemplos é, certamente, Todo Mundo Quase Morto. Irretocável como os melhores trabalhos de George A. Romero, o filme é conduzido a partir de uma afiada observação da realidade, sagaz em substituir aos poucos o trivial universo que cerca os personagens por um verdadeiro pandemônio.
Edgar Wright, Simon Pegg e Nick Frost já haviam apresentado outras provas de sua genialidade criativa na britcom Spaced (1999-2001), porém foi a partir de Todo Mundo Quase Morto que o trio expandiu seu arsenal de gags sofisticadas e típico humor britânico reinventado além das fronteiras inglesas. Os esforços individuais do diretor e da dupla de atores e roteiristas já renderam outras pérolas cômicas, como Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010) e Paul: O Alien Fugitivo (2011), porém eles parecem ainda melhores quando reunidos.
Desenvolvido cuidadosamente pelo olhar hábil de Wright, que se vale de uma paleta de cores sóbrias ferida constantemente pelo vermelho, a experiência com o filme pode revelar uma comédia assustadora ou um terror hilário: é uma questão de perspectiva. Há muito de Madrugada dos Mortos (2004), afinal, o Dawn of the Dead do título original do filme de Zack Snyder (e também aquele do Romero, de 1978) aqui se transforma em Shaun of the Dead. No entanto, a tensão crescente é pontualmente invadida e subvertida, transformada em suporte para um sagaz humor negro.
O elenco, que vai muito além da dupla protagonista, é impagável. Colaboradores habituais de Spaced retornam à cena, como Julia Deakin e Martin Freeman, Bill Nighy e Patricia Franklin apareceriam mais tarde também nos outros filmes da parceria Wright-Pegg-Frost. Jessica Hynes, protagonista de Spaced, faz aqui uma espécie de versão feminina de Shaun, Yvonne, e cada uma de suas pequenas aparições rende ótimos diálogos. A trilha sonora soberba de Daniel Mudford e Pete Woodhead e a montagem quase frenética de Chris Dickens são os outros excelentes protagonistas de Todo Mundo Quase Morto.
A aptidão inventiva de Wright, Pegg e Frost seria posteriormente reiterada em duas paródias hilárias: o policial Chumbo Grosso (2008) e o apocalíptico Heróis de Ressaca (2013). Somadas, as produções compõem a trilogia Sangue e Sorvete, também conhecida como Three Flavours Cornetto Trilogy – supostamente inspirada na Trilogia das Cores de Krzysztof Kieslowski. Independente das inspirações, seja o sorvete ou o existencialismo polonês, a incorreta série representa o que há de mais interessante no besteirol exportado pela Inglaterra.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 8 |
Robledo Milani | 7 |
Edu Fernandes | 8 |
Thomas Boeira | 9 |
Roberto Cunha | 8 |
Chico Fireman | 9 |
Francisco Carbone | 10 |
MÉDIA | 8.4 |
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