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Sinopse

Um casal apaixonado, de relacionamento aparentemente perfeito, vai ser abalado quando a esposa conhece um ex-detento. Para completar, o pai dela viaja à Veneza depois de acreditar que conheceu o amor de sua vida.

Crítica

Até os anos 1990, Woody Allen já havia trabalhado em diversos gêneros, da comédia ao drama, passando pelo suspense e o fantástico. Detalhe: sempre com trilhas sonoras de destaque. Pois, se musical era o que faltava em sua filmografia, o cineasta homenageia o gênero da melhor forma em Todos Dizem Eu Te Amo. Esta é uma de suas mais divertidas e interessantes obras, em que a sensibilidade sobre o tema mais universal de todos os tempos é realçada pela lembrança dos grandes musicais de todos os tempos.

Dividindo várias histórias paralelas que cercam uma família da alta sociedade de Nova York, Allen revela novas facetas sobre sua já genialidade de autor. O casal Steffi (Goldie Hawn) e Bob Dandridge (Alan Alda) mora com seus filhos (incluindo uma jovem Natalie Portman). Entre eles também está a narradora da história, DJ (Natasha Lyonne), filha de Steffi com o ex-marido Joe Berlin (Woody Allen), ele que mora em Paris. Por sinal, Joe se apaixona por Von (Julia Roberts), paciente de uma amiga de sua filha que espiona os medos e angústias a favor do pai. O roteiro é recheado de situações impagáveis. O anel de noivado escondido na sobremesa rende uma hilária cena sobre engasgos. Quem a estrela são Skylar (Drew Barrymore), a filha mais velha de Bob, e Holden Spencer (Edward Norton), seu namorado. A sequência a seguir se transforma em passos de dança de funcionários do hospital ao lado de espíritos bem humorados. Uma das poucas (e ótimas) vezes em que o cineasta utilizou efeitos especiais.

Obviamente que a neurose permeia seu filme, ainda mais na história de seu personagem, mas Allen resolve diminuir o tom para poder falar da forma mais aberta sobre o amor. Isso se revela sobremaneira na cena mais bela do longa, quando o ator/diretor e Goldie Hawn passeiam pelas docas de Paris, cenário importante que mostra muito da antiga paixão dos dois. Ambos cantam e dançam. Inclusive ela flutua no ar, mostrando como o sentimento, apesar de perturbador para quem não sabe lidar, pode ser leve e reconfortante. Um lampejo de romantismo na obra de um pessimista nato. Um dos aspectos mais interessantes sobre a produção do filme envolve o fato do elenco não saber, até depois de assinar o contrato, que ia se envolver em um musical. Por isso é proposital atores sem experiência em canto (comprovada em tela), como Edward Norton, não estarem no tom certo, tanto nas notas musicais quanto nas coreografias. E é justamente nisto que reside a graça do filme, pois os momentos de cantoria são a forma que os personagens encontram para extravasar seus sentimentos, mesmo que isto possa soar brega para os corações mais duros.

Em Todos Dizem Eu Te Amo, Woody Allen não tem medo da cafonice, pois o amor romântico dos grandes clássicos do gênero é justamente isso, o que na verdade engrandece ainda mais o gênero por não ter medo do exagero. No caso do cineasta, ele enaltece sua obra como poucas vezes, atestando ainda mais sua maestria como um dos grandes cineastas das últimas décadas.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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