Tormenta
Crítica
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Sinopse
Em 1961, um grupo de adolescentes embarca para uma longa viagem no veleiro "Albatroz", um navio-escola comandado por Christopher Sheldon (Jeff Bridges), um severo capitão que, junto com Alice (Caroline Goodall), sua mulher, pretende transformar aqueles jovens em homens. No decorrer da viagem o medo que os alunos sentem pelo capitão é substituído por respeito e admiração, mas uma tragédia poderá colocar esta confiança em risco.
Crítica
A possibilidade de deixar o último ano da escola e adquirir uma visão mais significativa sobre a vida motivou Chuck (Scott Wolf) a embarcar no veleiro Albatroz, sob o comando do capitão Skipper (Jeff Bridges), em 1960, nos Estados Unidos. Deixando para trás a superproteção castradora dos pais, o adolescente decidiu encarar os mistérios do oceano e de um grupo de desconhecidos para, assim, se conhecer melhor.
A história real do Albatroz, que como aponta o título do filme enfrenta uma violenta tempestade em alto-mar, chegou às telas pelas mãos de Ridley Scott. Porém, mesmo calejado como um velho marinheiro, sua direção mostra-se irregular. Alterna bons momentos de comando de elenco e domínio de personagens com escorregões quase inadmissíveis na construção de cenas e de sequências de ação.
Nas melhores ocasiões, o cineasta está à frente do leme de sua própria nau, como quando apresenta personagens jovens e inseguros fugindo da inexperiência em busca de amadurecimento e autodeterminação. Ou então quando explora a figura de Skipper, que estimula nos garotos o enfrentamento de seus medos e a perseguição da autoconfiança. Outros temas universais, como conflitos entre desconhecidos, coletividade e liderança também são bem trabalhados, moldando o espírito do grupo em sua jornada disciplinadora.
Porém, Scott parece tonto em um navio sob mal tempo ao entregar um filme de aventura ruim. Apesar da bela fotografia, que ressalta a paisagem e a própria poética do navio, falta ao cineasta o estofo necessário para dominar a ação do filme. É fraca a própria cena da tormenta que atinge o Albatroz em águas tropicais, misturando recursos técnicos pobres, edição débil e suspense raquítico justamente na sequência que imprime o mais importante rito de passagem enfrentado pelo grupo, no qual garotos tornam-se homens.
O longa volta a ganhar força apenas em sua parte final, apesar do perigoso teor emocional que há no julgamento militar a que Skipper é submetido, após ser acusado de negligência no naufrágio de seu veleiro, colocando em risco um grupo de novatos nas artes da navegação.
Em Tormenta, Ridley Scott se posiciona como um mestre do mar no comando das inquietações humanas de seus personagens, porém desconhece a leitura da bússola que indica o melhor caminho para o bom filme de aventura.
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