Crítica
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Sinopse
Da Fé resolve se tornar o líder do tráfico no morro em que mora apenas para conquistar a garota de seus sonhos.
Crítica
Não foi preciso chegar ao fim da projeção para ter plena consciência de que Totalmente Inocentes é um dos fortes candidatos a pior filme do ano. Não vi Agamenon, portanto sobre esse não posso opinar, mas garanto que o longa de estreia de Rodrigo Bittencourt é infinitamente pior do que Reis e Ratos ou Billi Pig, duas outras porcarias recentes. Estes, ao menos, possuíam um interesse – por menor que fosse – de contar uma história, de criar e fomentar a arte. Tudo o que não acontece dessa vez. Agora somos convidados a conferir a um dos mais legítimos caça-níqueis que o cinema nacional já produziu, algo no mesmo nível do lixo que Hollywood exporta regularmente, produtos descartáveis como A Saga Molusco: Anoitecer, por exemplo. E o pior: nem mesmo consegue se posicionar na categoria “é tão ruim que chega a ser bom”. É só ruim. E ponto.
Não que Fábio Assunção ou Ingrid Guimarães sejam grandes atores, mas ambos podem ser considerados artistas populares, e para terem adquirido esse status algumas boas escolhas devem ter feito. Por isso a surpresa em vê-los no meio do elenco dessa baboseira sem tamanho. Ele é Wanderlei, um fotógrafo atrapalhado de uma revista de fofocas dirigida por ela, uma lésbica linha dura. A última missão que ele recebeu foi conseguir uma reportagem exclusiva com Do Morro (Fábio Porchat, mais um daqueles comediantes de stand up que acha que graça se faz no grito, e não no humor inteligente), o novo chefão do crime na favela, após a prisão da Diaba Loira (Kiko Mascarenhas, um ator interessante que aqui se perde irreversivelmente no exagero do estereótipo). Quem irá ajudá-lo é a nova repórter, Gildinha (Mariana Rios), que mora na comunidade e é objeto de desejo do criminoso. Ela usará da sua influência para se aproximar do bandido e conseguir as informações necessárias.
Comédia histriônica e descontrolada, Totalmente Inocentes aposta no deboche fácil em cima de sucessos recentes da produção nacional, principalmente daqueles que se encaixam no filão do cinema de favela, como Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007). A participação dos atores Leandro Firmino (o Zé Pequeno de CDD) e Fábio Lago (o Baiano de TDE), agora como policiais, é só um dos exemplos dessa tentativa de provocar o riso através do modo mais simples e óbvio, sem nenhuma perspicácia ou sabedoria. Bittencourt é como o seu elenco: exagera do início ao fim, sem entender o significado de profundidade do personagem ou de nuances de enredo. Tudo é tão redundante e desnecessário que nem mesmo ideias a princípio curiosas, como o grafismo visual ou referências a outros sucessos não tão populares (como A Rainha Diaba, 1974), conseguem se destacar no meio de tanto barulho por nada.
Normalmente distribuidoras fazem questão de exibir antecipadamente seus futuros lançamentos para jornalistas e críticos de cinema, para que estes possam avaliar e endossar suas matérias e reportagens com conhecimento de causa. Assim, quando determinado filme finalmente entra em cartaz, o público terá condições de buscar na mídia – internet, jornais, televisão, rádio – as informações necessárias para escolher os melhores filmes a se assistir. Da mesma forma, é compreensível que certas obras acabem escondidas em exibições prévias prejudicadas, para que o menor número de profissionais possam comentá-lo antes do seu lançamento. Totalmente Inocentes foi exibido para a imprensa em Porto Alegre num horário ingrato – 12h30, na sequência de um outro filme – e teve seu final interrompido por uma providencial queda de energia elétrica. Os poucos infelizes que estavam naquela sessão – eu incluso – não chegaram a ver como esse desastre termina. Mas creio que, de fato, não será preciso. O desrespeito do lado de lá da tela já foi suficiente, e de forma alguma irei me sujeitar a essa tortura novamente. Tenho visto muita coisa ruim, mas como essa poucas se comparam!
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 1 |
Ailton Monteiro | 1 |
Alysson Oliveira | 1 |
Francisco Carbone | 1 |
MÉDIA | 1 |
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