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Sinopse

Uma das maiores autoridades na pesquisa sobre inteligência artificial, o Dr. Will Caste está construindo uma máquina consciente que conjuga informações e emoções. Contrários a essa iniciativa tentam impedi-lo a todo custo.

Crítica

De acordo com boa parte dos dicionários, transcender é ir além dos limites do conhecimento, se diferenciar dos outros atingindo níveis superiores, até mesmo atingir uma forma divina. Porém, o único uso do termo que Wally Pfister conseguiu utilizar foi sua transição de diretor de fotografia de boa parte dos filmes de Christopher Nolan para sua estreia como cineasta no fraco Transcendence: A Revolução, terceiro fracasso consecutivo de bilheteria no atual currículo de Johnny Depp após O Cavaleiro Solitário (2013) e Sombras da Noite (2012) terem sofrido do mesmo mal.

Nesta ficção científica, Depp é o Dr. Will Caster, o maior especialista em inteligência artificial no mundo que, após atentado cometido por um grupo terrorista, sofre um upload de sua mente para um supercomputador. Quem realiza a operação é sua mulher, Evelyn (Rebecca Hall), criadora da iniciativa, e o amigo Max (Paul Bettany), cientista dividido entre os benefícios e malefícios do tema. O problema principal surge já com a mente computadorizada de Caster: afinal, o que ele pretende com sua inteligência expandida a níveis estratosféricos ao se conectar com toda a rede do mundo?

A autoconsciência de uma máquina é sempre um tema interessante para discussão na literatura e no cinema. Aqui, não poderia ser diferente. Porém, o roteiro do estreante Jack Paglen fica indeciso por qual caminho seguir e acaba não se aprofundando em nada. Há o conflito com a mulher, pois não demora para Evelyn (por sinal, Rebecca Hall é a melhor personagem/atuação do filme) começar a questionar se Caster ainda é o homem que ela ama, se os seus sentimentos ainda existem e, além de tudo, se seus motivos para seguir em frente são egoístas ou não. Em dado momento do início do filme, Caster é questionado em sua palestra se, com o avanço cada vez maior nos estudos, o próprio pretende criar seu próprio Deus. Porque, logo depois, é assim que o doutor age com sua mente e seus atos: como se tivesse o poder de decidir o destino de tudo e todos, ainda mais levando em conta sua onipresença em todos os meios tecnológicos possíveis. O colapso mundial após tal evento está a um passo de acontecer.

Sob o ponto de vista técnico, Pfister tem uma estreia positiva como líder atrás das câmeras, não deixando dever em nada a condução da narrativa com seus planos, aliado ao bom elenco e os efeitos visuais. Obviamente, remete muito ao seu amigo Nolan, especialmente se lembrarmos de A Origem (2010) - ainda que em escala bem menor, é claro. Porém, a narrativa em si é descuidada sob diversos aspectos, a começar pelos primeiros minutos de filme, onde o personagem de Paul Bettany já revela praticamente tudo que irá acontecer até o clímax, mesmo que pouco da origem dos protagonistas seja revelado. Pior ainda é o próprio clímax: uma reviravolta que, apesar de necessária para o desfecho revelado no prólogo, não parece condizer com tudo que ocorreu nos 115 minutos que antecedem tal cena.

Transcendence: A Revolução teve 18% de aprovação (ou seria 82% de reprovação?) no Rotten Tomatoes, além de ter arrecadado parcos 23 milhões de dólares nos EUA e, em todo mundo, pouco mais de 78 milhões até agora, bem abaixo do seu orçamento de 100 milhões. Não é para tanto o fervor da crítica negativa e, talvez se tivesse estreado em outra época com menos blockbusters de heróis e afins, o resultado no box office tivesse sido diferente. No fim, de pretensa produção filosófica, resta um rasteiro passatempo. Nada mais do que isso. Uma pena, pois poderia ter sido mais. Bem mais.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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