Trem Noturno Para Lisboa
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Bille August
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Night Train to Lisbon
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2013
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Alemanha / Suíça / Portugal
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Pode alguém abandonar seu emprego e, basicamente, deixar sua vida para trás por conta de uma curiosidade imensa? Por um senso de reconhecimento após ler uma obra que lhe cala profundamente? Por uma tentativa de buscar algo dentro de si que parecia nunca ter encontrado? Se depender do personagem de Jeremy Irons em Trem Noturno para Lisboa, a resposta é sim. Baseado na obra de mesmo nome do escritor suíço Pascal Mercier, o longa-metragem dirigido pelo dinamarquês Bille August tem momentos interessantes, com um elenco de peso, mas ritmo inconstante.
Na trama, o professor Raimund Gregorius (Irons) é um sujeito solitário – do tipo que joga xadrez consigo mesmo para passar o tempo. Um dia, quando ia para o trabalho, se depara com uma jovem mulher prestes a pular de uma ponte e, no impulso, consegue salvá-la. Depois deste encontro fortuito, a moça foge deixando para trás um casaco vermelho e um livro em seu bolso: Um Ourives das Palavras, do escritor português Amadeu Inácio de Almeida Prado (Jack Huston). Gregorius começa a ler a obra e cada nova sentença, cada nova ideia do autor parecem ser endereçadas diretamente a ele. Dentro deste livro, uma passagem para Lisboa em um trem à noite faz com que o professor aceite o desafio imposto pelo acaso e embarque na viagem. Sem bagagens, sem preparação. Ao chegar a Portugal, procura pelo autor do livro, mas encontra apenas a irmã do escritor, Adriana (Charlotte Rampling), mulher que vive um luto eterno pela morte de Amadeu, que era médico. Sabendo do destino do doutor, Raimund procura por pessoas que possam ter conhecido o autor no passado, descobrindo a luta pela qual Amadeu e seus companheiros passaram contra a ditadura de António de Oliveira Salazar.
A narrativa de Trem Noturno para Lisboa passeia pelo passado e presente. A cada novo encontro de Raimund com algum conhecido de Amadeu, uma peça do quebra-cabeça é descoberta e mergulhamos, junto do professor, ao momento em que Portugal vivia um período conturbado. Com estas idas e vindas, o ritmo do filme fica prejudicado. E não pela lentidão. Em alguns momentos, Bille August parece correr com a história, na ânsia de nos mostrar a próxima reviravolta, o próximo personagem. Não há tempo para pensarmos sobre o que vimos. Em uma história que parece pedir por esta reflexão, ela simplesmente não existe. Algumas barreiras e problemas que surgem pelo caminho de Raimund são resolvidas de forma muito fácil – o maior exemplo disso sendo o encontro entre o professor e Jorge (Bruno Ganz), amigo próximo de Amadeu. Após rechaçar qualquer conversa de forma intempestiva, ele muda de ideia e de comportamento rapidamente, já no próximo encontro. O mesmo pode ser dito de Adriana. Muito provável que no livro, o comportamento dos personagens não seja tão volúvel.
Ainda que corra com a história, Bille August tem crédito por ter conseguido um elenco invejável. Além de Jeremy Irons, que encabeça o cast, temos os veteranos Charlotte Rampling, Tom Courteney, Bruno Ganz, Burghart Klaussner, Christopher Lee misturados a um elenco de jovens talentos como Mélanie Laurent, Jack Huston e August Diehl. Cada um tem seu tempo para mostrar a que veio, uns mais, outros menos. O destaque fica para Diehl/Ganz que dividem o papel de Jorge em momentos distintos da trama. Isso porque o personagem é um dos mais interessantes do filme, um sujeito que ama seu amigo, tem um senso de responsabilidade para a revolução ímpar, mas que, por ciúmes, acaba colocando quase tudo a perder quando percebe que Amadeu roubou a bela Estefânia (Laurent) de seus braços.
Trem Noturno para Lisboa consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça de forma convincente, com Raimund aprendendo algo sobre si no processo. Não fosse tão apressado em mostrar a que veio, talvez o filme e sua história pudessem fazer o mesmo com o espectador.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 7 |
Bianca Zasso | 8 |
MÉDIA | 7.5 |
O que mais vale no filme é a poesia revolucionária daquele momento, um canto de liberdade, e os poemas de Amadeu sobre o existir. Nem nosso nascimento e nossa vida são fontes do acaso. Não existe acaso. Onde quer que estejamos, em lugares próximos ou distantes, nesta e noutra vida, ali já estivemos e apenas fomos nos reencontrar, nos reconhecer. É uma pista para o autoconhecimento, a partir do outro. Outra pessoa, outro lugar, outras missões. O outro é o caminho que nos leva a nós mesmos.
Gostei muito e fiquei impressionada com as mensagens que são mostradas no filme. Por isso pesquisei na NET por esse tal escritor português que nunca existiu, mas fica aqui meus parabéns pela história e filme.
Assisti a esse filme hoje e gostei, apesar de ter deixado a desejar em algumas cenas. O que pude entender, foi o homem em busca de si mesmo, através do personagem Raimund Gregorius vivido por Jeremy Irons. Esse vazio, todo ser humano o possui e procura de todas as formas, preenchê-lo, mas muitos são aqueles que deixam este mundo sem encontrar o seu verdadeiro enigma.
Rodrigo,acho que há equivoco de sua parte. Apesar do vai e vem do filme, gostei da história. Bem elaborada.
O filme é espetacular. Interessante como quando a gente gosta do filme, os críticos não gostam e vice-versa. Alguém poderia me explicar. Abraços.
Caro Rodrigo, amei o filme e a história genial, tocante, que me deixou inquieta. Sou filha de um grande escritor brasileiro com alguns livros editado em Portugal, onde também morei por dois anos. Por favor me diga como conseguir esse livro. Obrigada Heloisa Sales