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Crítica


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7 votos 6.8

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Sinopse

Wiggly, Georgia, 1977. Christmas Flint é uma garota que sonha em, um dia, conhecer extra-terrestres. A chegada à cidade de um homem responsável por gravar a voz de crianças para um disco de ouro que será enviado ao espaço faz com que ela logo se interesse na iniciativa, sonhando ser ela a escolhida. Para tanto, reúne um grupo de garotas deslocadas para formar um grupo de escotismo, de forma a participar do concurso que dará aos vencedores a chance de participar do disco de ouro.

Crítica

É preciso ir além do óbvio para compreender o real interesse por trás de Tropa Zero. Travestido como aventura infantil nostálgica e bucólica, seu objetivo no fundo é falar sobre diversidade e respeito. Ambos os temas estão impregnados por todo o longa-metragem, apesar de não sejam mencionados uma única vez sequer. Longe de ser panfletário, este é um filme que busca transmitir mensagens acerca da personalidade de cada um.

A história começa a partir da cativante (e pequena) Mckenna Grace, que sonha com a vida além das estrelas como forma de manter a lembrança de sua mãe, já falecida. Ela logo se empolga com o súbito aparecimento de um concurso para gravar vozes para o disco de ouro, que será enviado ao espaço através de uma sonda, e para tanto se dedica com afinco a montar uma equipe de escotismo. O motivo? Apenas quem ganhar um concurso interno é que terá a chance de ter a voz gravada no tal disco de ouro.

Se você estranhou esta mescla entre espaço sideral com escotismo, faz bem. Não tem muito sentido mesmo, e o filme nem se importa com isso. A roteirista Lucy Alibar se apropriou de um fato como a produção do disco de ouro para inserir em torno dele uma história tão inverossímil quanto frágil. Mas, lembremos, seu interesse não é propriamente desenvolver uma narrativa aqui. O objetivo de Alibar é apresentar um punhado de personagens deslocados do que se considera "normal" pela sociedade da época e reuni-los em uma mesma equipe, de forma a demonstrar não só diversidade como respeito às suas personalidades. O fato de ser este um filme de época é apenas para se adequar à proposta do disco de ouro, nada além disto.

De forma a manter sempre o clima infantil, Tropa Zero passa a exibir pequenos desafios que servem de alicerce moral e aprendizado a cada um dos integrantes da equipe. Tudo muito previsível e sem frescor, em parte porque não há preocupação em desenvolver a história de forma a lhe dar alguma base de sustentação; acontece assim e pronto! Com tão pouco a mostrar entre as crianças, o brilho que o filme consegue entregar é a partir do duelo entre Viola Davis e Allison Janney, coadjuvantes que são, também, rivais. Ainda assim, o que se vê na verdade é a persona cinematográfica das atrizes, sem muito apuro. Viola faz o tipo sisudo cujo coração é amolecido pelos menores, Allison carrega no sarcasmo típico para vilanizar sua personagem. Nada muito difícil para ambas, mas ainda assim interessante devido à competência das atrizes.

Com uma fotografia solar que busca sempre o sorriso cativante de Mckenna, Tropa Zero é um filme simplório que não tem muito a dizer além das boas intenções. Interessante notar a bem sacada menção a David Bowie na história, não só pela atualidade temporal (da época) mas por ter sido o cantor também um deslocado em relação aos demais, ou seja, sua escolha combina perfeitamente com o espírito desta equipe. Por outro lado, a inclusão de um trecho do icônico "Say a Little Prayer" soa preguiçosa e, até, desnecessária, dentro da história como um todo. Mero truque usado para ativar a nostalgia do espectador, em especial O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997).

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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