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Crítica


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Sinopse

Tugg Speedman, um ator muito famoso, se dirige para o sudeste asiático para participar de um dos filmes mais caros de todos os tempos. Porém, logo depois do início das gravações, ele e seus companheiros, Kirk Lazarus e Jeff Portnoy, se veem em meio a uma guerra no local das filmagens, a qual faz com que se tornem soldados de verdade.

Crítica

O resultado foi inesperado, porém totalmente auspicioso: Trovão Tropical, além de ter sido um tremendo fenômeno de bilheteria nos Estados Unidos, recebeu também algumas das melhores críticas do ano, já despontando inclusive nas apostas do próximo Oscar! E quem imaginaria que isso seria possível com um filme comandado por um diretor com muito pouca experiência por trás das câmeras, com uma trama repleta de metalinguagens, com um discurso dotado de um forte tom crítico e atores completamente distantes das imagens de galãs que criaram durante toda uma carreira? Pois é justamente isso que acontece, o que faz desta uma fantástica surpresa.

Ben Stiller é um dos grandes campeões de público em Hollywood, com sucessos como as trilogias Uma Noite no Museu e Entrando Numa Fria. Mas o que poucos se dão conta é que ele também é diretor e roteirista, funções que não exercia desde o hilário Zoolander (2001)! Trovão Tropical é recém seu quarto longa-metragem como realizador, o que mostra que, mesmo exercendo estas facetas tão ocasionalmente, ele realmente entende do assunto. E nos entrega um filme não só engraçadíssimo, porém repleto de sacadas inteligentes, um enredo complexo e equilibrado e conduzindo atores em suas melhores formas. Inacreditável!

Stiller, Jack Black e Robert Downey Jr. são protagonistas de uma nova superprodução, que está sendo filmada no meio da selva. A produção é um caos, o diretor inglês novato (Steve Coogan) não tem pulso para controlar os egos das estrelas, e o produtor (Tom Cruise, irreconhecível e completamente entregue à proposta) está o tempo todo em cima cobrando resultados. Lá pelas tantas, seguindo um conselho do ex-militar (Nick Nolte) que escreveu o livro que está sendo adaptado, eles adentram na mata, com a intenção de capturar melhor o ambiente ao redor. O que o elenco demora pra perceber é que as coisas ali são mais reais do que imaginam, e que estão no meio de uma guerrilha de traficantes de drogas. Enquanto uns querem mostrar que sabem interpretar diante das condições mais adversas, outros só querem escapar vivos dessa confusão!

O mais impressionante, além dos diálogos absurdamente bem construídos, do humor crescente e constante e dos diversos temas que abordam com muita irreverência, são os desempenhos dos intérpretes principais. Só uma cena com Tom Cruise já vale o preço do ingresso. Jack Black é responsável pelo momento mais bizarro e engraçado de todo o filme (quando, amarrado numa árvore, implora que os demais o soltem). Matthew McConaughey mostra com precisão uma figura constante, porém pouco conhecida – o agente! Vê-lo distante do galã conquistador tão associado a sua imagem é refrescante. E Stiller mostra novamente que, mesmo dentro de suas óbvias limitações interpretativas, consegue fazer verdadeiros milagres. Mas surpreendente mesmo é Downey Jr., como um astro loiro e de olhos azuis que se transforma em negro para melhor “entender seu personagem”. Ele é o perfeito resumo do que é Trovão Tropical, e tudo o que faz está a um passo da perfeição.

Incrível sucesso de bilheteria, tendo faturado mais de US$ 110 milhões só nos Estados Unidos, Trovão Tropical não provocou o mesmo impacto nos cinemas brasileiros. A primeira impressão é de que o público daqui não entendeu a piada e que o humor apresentado é por demais americano. Mas esta seria uma conclusão equivocada. Quando o assisti, por exemplo, a sala estava cheia e todo mundo esteve rindo do início ao fim da projeção. Ou seja, o mais provável é imaginar que quem não entendeu direito foram os próprios distribuidores nacionais, que não apostaram no longa, produzindo poucas cópias e exibindo-o em praças ocasionais, sem chamar atenção com um investimento massivo. Uma pena, que merece ser recompensada quando o filme chegar em DVD. Afinal, todos merecem uma nova chance – tanto Stiller e sua turma quanto os espectadores que ainda não tiveram chance de conferir essa comédia absurda e simplesmente imperdível.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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