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Sinopse

Sete esquetes que falam sobre sexo de forma divertida, mostrando personagens em situações ora hilárias, ora constrangedoras, que vão de um bobo da corte tentando se livrar de um cinto de castidade até as indagações existenciais de um espermatozoide.

Crítica

Em um dos períodos mais férteis e aclamados de sua carreira, entre o Oscar por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) e o êxito absoluto de Hannah e Suas Irmãs (1986), Woody Allen era o principal e mais celebrado cineasta norte-americano. Na década que antecede esta fase, pontuada por comédias dramáticas e dramas cômicos, o diretor era especialista em fazer graça com despretensão e sem qualquer coerência. Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo, Mas Tinha Medo de Perguntar (1972) ilustra essencialmente esta era cronologicamente introdutória ao universo alleniano.

Quarto filme assinado por AllenTudo o que Você Sempre Quis Saber... é basicamente uma compilação de esquetes, vinhetas e gags hilariantes levemente inspiradas pelo best seller homônimo de David Reuben, que explora os múltiplos aspectos da sexualidade humana. Fragmentado em sete capítulos, a comédia apresenta perspectivas infantis, farsescas e por vezes absurdas acerca de questões que envolvem “mitos” como castidade, orgasmo, perversão, sadomasoquismo e até mesmo bestialidade. Caso fosse mais assertivo, o título da produção hoje seria algo como “Tudo o que Você Provavelmente Já Sabe Sobre Sexo, Mas Apresentado de uma Forma que Jamais Imaginou”. 

Allen já abre sua enciclopédia sexual explorando com impecável timing cômico uma historinha sobre afrodisíacos. Como o bobo da corte, ele consegue chegar ao coração da Rainha (Lynn Redgrave, deslumbrante), mas descobre que o acesso para o cinto de castidade dela é bem mais complexo. De Gene Wilde como um médico que se apaixona por uma cabra a John Carradine vivendo um cientista louco, Tudo o que Você Sempre Quis Saber... apresenta uma sucessão de desventuras impagáveis e nada politicamente corretas que se encerra num clímax – com o perdão do trocadilho – onde Allen, Burt Reynolds e Tony Randall interpretam espermatozoides numa ejaculação.

Muito além do que o cinema mainstream da década de 1970 se permitia explorar, Woody Allen desenvolve cada pequena esquete incorporando a sensibilidade excêntrica e imoralidade habitual que permeia seus primeiros trabalhos, como em Um Assaltante Bem Trapalhão (1969) e Bananas (1971). Protagonista de vários episódios, o ator/roteirista/diretor se vale de sua persona clássica, o neurótico atrapalhado e verborrágico, para amplificar o humor das situações que enfrenta. Toda sofisticação que se tornaria marca de parte da obra do cineasta é sobrepujada pela inteligência de um cômico que não economiza na irreverência e não teme o humor autodepreciativo.

Ainda que alguns curtas sejam esquecíveis, outros pareçam realmente datados e até mesmo inocentes em comparação com o que o cinema apresenta sobre sexo nos últimos tempos, a totalidade de Tudo o que Você Sempre Quis Saber... é excelente, digna de sua sessão e até mesmo de uma ou mais revisitas despretensiosas. Esta pode ser uma obra menor dentro da excepcional filmografia de Woody Allen, que carrega menos de sua inconfundível assinatura, porém poucos filmes assumidamente episódicos e com narrativa fragmentada conseguem divertir e fazer rir tanto quanto este. E isso já é suficiente para valer uma entusiasmada recomendação para esta comédia.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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