Sinopse
Turbo é um caracol que sonha em se tornar um astro das corridas. Sua obsessão com velocidade o faz sentir como um peixe fora d’água na lenta comunidade dos caracóis. Mas Turbo não quer se conformar. Então um acidente que envolve uma queda no motor de um carro, transforma misteriosamente a devagar vida desse caracol em uma extraordinária aventura que vai contra qualquer destino que Turbo achava que estava fadado a viver: correr contra os melhores pilotos na Indianópolis 500.
Crítica
Durante décadas houve apenas um estúdio confiável em Hollywood quando o assunto era animação, a pioneira Disney. Foi na virada do Século XX para o XXI que as coisas, rapidamente, começaram a mudar. E a primeira a se lançar na concorrência foi a DreamWorks, com o inteligente FormiguinhaZ (1998), o oscarizado O Príncipe do Egito (1998) e o revolucionário Shrek (2001). Isso em muito aconteceu devido à presença de Jeffrey Katzenberg – ex-presidente da própria Disney – entre os diretores da nova companhia. Seu último longa-metragem como produtor foi O Espanta Tubarões (2004), mas os caminhos por ele traçados até hoje repercutem, combinando criatividade, qualidade técnica e uma visão ousada de negócios. Isso tudo está presente também em Turbo, segunda aposta da DreamWorks no gênero em 2013, após o incrivelmente bem sucedido Os Croods (que faturou mais de US$ 570 milhões em todo o mundo, ficando entre os 10 filmes de maior faturamento da empresa desde sua criação).
Turbo conta a história de Ted, um caracol que, a despeito de sua condição, sonha em ser campeão de corridas. Ou seja, mais uma vez temos o personagem insatisfeito com o que o destino lhe reservou e que luta contra todas as expectativas para mostrar que o que importa é a força de vontade. Mais uma ode ao sonho americano em que há espaço para todos no Olimpo, bastante para isso querer com vontade suficiente – o que todos nós sabemos que é mais um mito do que realidade. Trata-se exatamente do mesmo argumento de Kung Fu Panda (2008), em que tínhamos um urso panda gordo que queria ser mestre em artes marciais. Ou de Bee Movie (2007), em que uma abelha se revoltava contra sua condição de operária na colmeia e partia em busca de uma vida melhor. Ou como Madagascar (2005), em que animais de zoológico decidiam que se sairiam melhor na selva. Todos esses, aliás, produções da mesma DreamWorks. Reciclagem, pelo que parece, é a palavra de ordem por lá.
Turbo se diferencia, no entanto, por ter um viés mercadológico fundamental – é um filme feito para vender brinquedos, assim como Carros (2006) funcionou para a concorrente Pixar. E este posicionamento comercial possui um público muito específico: o latino, aquele mais interessado em corridas automobilísticas, como a Fórmula 1 e as 500 Milhas de Indianápolis (onde, aliás, acontece o clímax do filme). Tanto é que os personagens humanos são dublados, na versão original, por Michael Peña, de família mexicana, e pelo porto-riquenho Luis Guzmán (O Último Desafio, 2013), enquanto que os animais ganharam as vozes do galã Ryan Reynolds (também ouvido no já citado Os Croods) e do camaleônico Paul Giamatti. No Brasil, por outro lado, em que esse tipo de preocupação não se faz presente, foram escalados os globais Bruno Garcia e Ísis Valverde, ambos como coadjuvantes.
Marcando a estreia na direção de David Soren, Turbo é mais do menos, e não deve provocar fortes emoções em qualquer espectador com mais de 10 anos de idade. Bonito, bastante colorido e, felizmente, com apenas 96 minutos de duração, faz bom uso dos efeitos em 3D (as cenas de corrida são realmente empolgantes e devem agradar aos fãs mais ardorosos) e não se perde em tramas paralelas, com todos os personagens dispostos na tela basicamente para acompanharem a ação do protagonista. Por outro lado, lhe falta um elenco mais carismático – todos os tipos são por demais genéricos – e maiores explicações para os eventos fantásticos que se sucedem, como o fato de Ted ganhar supervelocidade simplesmente por cair dentro do motor de um carro turbinado de disputas clandestinas. Tem sua graça, mas ela é tão passageira quanto a velocidade do personagem principal.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Francisco Carbone | 7 |
Thomas Boeira | 7 |
MÉDIA | 6 |
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