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Sinopse

Após descobrir uma pista de um misterioso assassinato, o jovem agente do FBI, Chet Desmond, desaparece a alguns quilômetros da cidade de Twin Peaks. Um ano depois, outra morte parece estar conectada a este acontecimento: o assassinato de Laura Palmer, uma adolescente problemática e viciada em drogas. Os últimos dias de vida da garota podem ajudar a solucionar os mistérios deste crime.

Crítica

Longe de ser um dos títulos memoráveis da filmografia de David Lynch, Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer é, na verdade, um prequel para as telonas da cultuada série de televisão dos anos 1990, criada pelo diretor em parceria com Mark Frost. O mote do seriado, para quem não lembra, era o misterioso assassinato de Laura Palmer, jovem que imerge em um mundo de drogas, sexo e violência numa pequena cidade do interior americano.

Um tanto repudiada pelos fãs mais fervorosos do diretor, a produção começa quando dois detetives recebem a missão de investigar a morte de Teresa Palmer, ela que tinha um estilo de vida similar ao de Laura. De uma hora para outra, porém, Lynch decide esquecer a investigação de Teresa para entrar no mundo de Laura. Não existem grandes sutilezas, o diretor pouco se importa com pontos soltos ou em retornar mais à frente aos personagens da trama inicial. É uma introdução desleixada da parte de Lynch, já que ele não a desdobra ou a explora da melhor forma possível. Não são cenas de uma apresentação gratuita, mas, vistas no geral, acabam soando enfadonhas e mal trabalhadas.

Claro, o filme não é uma total decepção. Afinal, traz um elenco de nomes conhecidos, como os músicos Chris Isaak e David Bowie e, ainda, ­­­­­­Kiefer Sutherland, Heather Graham e o próprio diretor atuando. O melhor de tudo é que Lynch mantém os personagens mergulhados em seu surrealismo habitual. Tratando de temas fortes (violência, traumas e autodestruição), o filme flerta com outras produções do universo do diretor, por exemplo, com Veludo Azul (1986), principalmente no que diz respeito à questão do abuso sexual.

Para quem já possui conhecimento prévio da série e decide assistir ao filme, não há grandes revelações e novidades, obviamente. Mas Lynch cria um ambiente tão assustador e por vezes macabro que o espectador ainda assim se mantém curioso para conhecer os passos que levam ao desenrolar da trama. O ponto positivo da produção é certamente a liberdade maior que se ganha ao realizá-lo para o cinema. Diversas cenas provavelmente não seriam feitas da mesma forma se Lynch as adaptasse para a televisão. Só faltou amarrar melhor a trama e certamente dar uma enxugada nas longas 2 horas e 15 minutos de exibição.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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