Crítica
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Sinopse
Fugindo do nazismo, três irmãos judeus poloneses se escondem numa floresta da Bielorrússia. Ali se juntam aos resistentes russos e planejam a construção de um vilarejo secreto para proteger a todos.
Crítica
A Segunda Guerra Mundial é um tema recorrente no cinema. Na maioria das vezes, entretanto, o que vemos são as diferentes formas que os judeus encontraram de escapar de um massacre absurdo. E mais um episódio desta saga é narrado em Um Ato de Liberdade, de Edward Zwick. O diretor de Diamante de Sangue (2006) volta mais uma vez ao campo de batalha para contar o insólito caso de um grupo de judeus do leste europeu que se escondeu nas florestas para escapar da perseguição nazista e, inacreditavelmente, conseguiram em grande parte superar quatro anos de conflito. Mas se o filme é épico e grandioso em seu tema, por vezes peca pelo retrato demasiadamente heroico dos seus protagonistas – que por momentos chegam a ser endeusados – e no melodrama – um olhar mais distanciado talvez fosse recomendado. Percalços que de forma alguma diminuem o valor desta bela história.
Um Ato de Liberdade mostra como os Bielski, quatro rapazes que, após o assassinato dos pais, se refugiam entre as árvores para tentar sobreviver dos policiais poloneses que caçavam judeus para entregá-los – vivos ou, preferencialmente, mortos – aos oficiais de Hitler. Na clandestinidade e perdidos entre a natureza acabam encontrando outras pessoas como eles. Aos poucos uma comunidade vai se formando, e meio que por acaso, os dois irmãos mais velhos acabam dividindo a liderança deste grupo. Enquanto Tuvia (Daniel Craig) se revela um líder sensato e preocupado com a segurança de todos, Zus (Liev Schreiber) quer apenas sobreviver e não abala sua consciência quando necessita apelar para a violência. Neste choque acabam se separando, e se Tuvia decide permanecer escondido, tendo ao seu lado os parentes mais jovens (entre eles Jamie Bell), Zus parte para se unir aos militares russos em resistência aos alemães.
O mais chocante de Um Ato de Liberdade é que se trata de um fato verídico. Assim como o oscarizado A Lista de Schindler (1993), ou produções mais recentes, como Operação Valquíria (2008), esta trama comove pela força dos eventos que acompanha e pela demonstração de perseverança e coragem que milhares de pessoas, superando as condições mais adversas, foram capazes de realizar em nome da sobrevivência. Zwick, também roteirista, é um cineasta que em seu histórico deixa bem clara uma preferência por grandes feitos, e aqui ele encontra mais um exemplo perfeito de superação humana. Como resultado, nos entrega uma obra um pouco extensa, que em alguns momentos provoca a paciência do espectador por se ater demais aos pormenores do cotidiano dos refugiados, mas que num todo é competente em suas intenções e edificante em relação à memória dos que realmente enfrentaram esta realidade.
Indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora, foi premiado segundo os críticos de Las Vegas pelo belíssimo trabalho do compositor James Newton Howard (Batman: O Cavaleiro das Trevas, 2008). Recebido com frieza por parte da crítica especializada, indecisa entre abraças os méritos evidentes ou apontar os defeitos mais comuns, Um Ato de Liberdade teve também uma performance discreta nos cinemas norte-americanos, onde arrecadou nas bilheterias pouco mais do que a metade do seu orçamento total, que foi de US$ 50 milhões. Ou seja, este é um filme que muito dificilmente será lembrado no futuro com algum destaque especial, permanecendo, assim, como um belo retrato de luta e esperança que apenas alguns terão acesso. Lamentavelmente.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Alysson Oliveira | 6 |
MÉDIA | 6.5 |
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