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Sinopse

Aos 11 anos, Max Skinner é cuidadosamente educado na arte de saborear vinhos por seu tio Henry, dono de um vinhedo na França. Adulto, torna-se um bem-sucedido homem de negócios em Londres. Certo dia recebe a notícia de que o tio morreu, deixando-o como único herdeiro. Prevendo bons negócios, resolve fazer uma rápida viagem para visitar a propriedade. Mas, uma vez ali, percebe que não será tão fácil vender o lugar que lhe traz tantas lembranças da infância.

Crítica

Um implacável investidor da bolsa de valores recebe a notícia de que seu tio faleceu e lhe deixou de herança uma vinícola na França. Ao tentar vender o negócio familiar, ele descobre que o mesmo precisa ser restaurado e, ao mesmo tempo, vai descobrindo que também precisa de uma reforma em si. Clichê ao extremo, melodramático até demais. A premissa de Um Bom Ano poderia ser facilmente descrita desta maneira. Porém, ao cair nas mãos de Ridley Scott, diretor tão acostumado a lidar com o ser humano em filmes de ficção e aventura, esta “dramédia” ganha ares de uma pequena jóia em sua filmografia por tratar da forma mais simples possível (e, consequentemente, convencional) uma história que parece ser tão batida.

Scott já havia passado um bom tempo fazendo filmes grandiosos, do oscarizado Gladiador (2000) ao superestimado Falcão Negro em Perigo (2001), deu uma folga para conduzir o simples e excelente Os Vigaristas (2003) e retomou os épicos com o nem tão bom assim Cruzada (2005). Um Bom Ano é um exercício de relaxamento em que o diretor parece ter ligado no piloto automático. Fato que gera um filme que, mesmo se perdendo entre não saber se é comédia romântica ou drama edificante, consegue prender a atenção da plateia, seja pela história simples ou pela belíssima fotografia de Philippe Le Sourd, que registra as plantações de uva e a área provençal da França da forma mais deslumbrante em dados momentos, ou delicada quando possível.

Para reforçar, o retorno à parceria com um Russell Crowe totalmente descontraído (algo que não se via desde a comédia romântica Amor em Chamas, de 1997) é uma ótima amostra de como o ator sabe diversificar seus papéis, mesmo que aqui demore um pouco para encontrar o tom e conquistar a simpatia da plateia. Talvez tenha sido intencional, já que a primeira metade do filme trata de mostrar o Max de Crowe como um crápula sem coração (ou com o músculo gelado demais) para que depois o personagem desabroche. Algo que Crowe consegue fazer sem muito esforço.

Um Bom Ano tem também a participação das estonteantes Marion Cotillard e Abbie Cornish em atuações interessantes. A primeira, um ano antes de interpretar a oscarizada atuação de Piaf: Um Hino ao Amor (2007), surge como o interesse romântico do protagonista e, como não poderia deixar de ser no quesito comédia romântica, começa a relação com o parceiro entre tapas e beijos, antipatia e atração. Abbie, mais contida, surge como uma familiar surpresa da trama com quem Max vai ter que brigar – ou saber conciliar – para não deixar a herança ir por água abaixo.

Longe de ser um grande filme, mas ainda mais distante de ser o péssimo longa que muitos adoram detratar, Um Bom Ano entretém, é bobinho e não tem compromisso com ares mais profundos ou questões filosóficas. É a simples história de um homem que precisa mudar seus parâmetros de vida para alcançar a felicidade. Se cai no clichê do homem rico que não sabe desfrutar do que está em volta, tudo bem. A maioria destes filmes, de baixa ou alta qualidade, é assim mesmo. O mais importante é que Um Bom Ano pode não mudar a vida de ninguém e nem a do próprio diretor, mas mostra que Ridley Scott sabe pilotar em terrenos mais leves e descompromissados – algo que todo cineasta parece precisar fazer volta e meia. E o público merece também.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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