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Crítica


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Sinopse

Willy Beachum é um jovem e ambicioso promotor público, que está no melhor momento de sua vida profissional. Ele está prestes a assumir um cargo na famosa agência Wooton Sims. Porém, antes de deixar o cargo de promotor, tem um último desafio pela frente: Ted Crawford. Após descobrir que sua esposa o estava traindo, Ted a matou com um tiro na cabeça. Parecia um caso simples, já que era um crime premeditado e com uma confissão clara, mas o réu cria um labirinto complexo em torno do caso de forma a tentar sua absolvição.

Crítica

Um é ótimo, e poucos questionam isso. O outro, após um início meio "duvidoso", cada vez mais se confirma como promessa. E há ainda um terceiro, pouco badalado, mas que após uma rápida análise do histórico revela ser mais do que um competente artesão. E é justamente pela união do veterano Anthony Hopkins e do intrigante Ryan Gosling com o quase sempre surpreendente Gregory Hoblit que assistir a Um Crime de Mestre é uma tarefa que, no final das contas, acaba valendo a pena. Mesmo com tantas variáveis contra.

A "tagline", ou slogan, é uma das piores dos últimos tempos: "matei minha esposa, agora prove!" Pra começo de conversa, a tradução está errada. O original é "I shot my wife, now prove it", ou "eu atirei na minha esposa, agora prove". E isso porque, na verdade, a mulher não está morta. Depois vem o próprio gênero em que o filme se encaixa, um dos mais desgastados do cinemão hollywoodiano, o suspense de tribunal. E por fim está a estrutura do enredo, que abusa de clichês e reviradas previsíveis e bem posicionadas durante o desenvolvimento da trama, propícios para manter a atenção do espectador menos exigente. O roteiro de Daniel Pyne (A Soma de Todos os Medos, 2002) apresenta poucas inovações, mantendo-se fiel aos preceitos mais básicos, sem prejudicar, mas também sem oferecer melhor aproveitamento da interessante idéia inicial.

E qual é o argumento de Um Crime de Mestre? Um homem, ao descobrir que sua esposa - bem mais nova - está lhe traindo, a confronta. A discussão acaba com ele atirando nela à queima roupa. A polícia chega logo em seguida, o desarma e o leva preso, após sua confissão de tentativa de assassinato. Ao ser levado à julgamento, porém, muda o discurso e se declara inocente. Uma investigação revela que a arma do crime desapareceu do local, e o pior: o detetive encarregado do caso era amante da vítima. Caberá a um jovem advogado em plena ascensão desvendar os acontecimentos e provar a culpa do acusado.

Hopkins, vencedor do Oscar pelo emblemático canibal de O Silêncio dos Inocentes (1991), parece ter sucumbido ao personagem, apesar de sua presença sempre ser acima da média. Sem muita motivação para novos trabalhos, vem repetindo a mesma performance em diversos longas, como Revelações (2003) e Em Má Companhia (2002). O mesmo se sucede aqui. Ryan Gosling chamou atenção do público pela primeira vez ao seduzir Sandra Bullock no thriller Cálculo Mortal (2002). Ele, que já foi membro do Clube do Mickey ao lado de Justin Timberlake, apareceu em projetos mais interessantes, como Diário de Uma Paixão (2004) e o oscarizável Half Nelson: Encurralados (2006), que lhe valeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Todo o prazer que Hopkins parece ter perdido pela atuação está presente no desempenho de Gosling, um ator que tem dado muito o que falar.

Já Gregory Hoblit é um diretor bastante subestimado. Depois da boa estréia em As Duas Faces de Um Crime (1996), outro drama de tribunal que revelou o até então novaton Edward Norton, seguiu com projetos que, se não estouraram nas bilheterias, ao menos cumpriram à contento seus objetivos, como Possuídos (1998), Alta Freqüência (2000) e A Guerra de Hart (2002). O cineasta tem se habituando a tratar temas aparentemente desgastados - suspense sobrenatural, aventura de guerra - com um olhar mais curioso, oferecendo ao seu público uma experiência mais relevante e prazerosa. E, ao lado dos talentosos protagonistas de Um Crime de Mestre, o bom resultado é quase inevitável. Mesmo com tantos "poréns" durante o caminho.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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