Crítica
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4
Sinopse
Dirceu é gaiteiro e sonha em viver da música. Mas, ao 17 anos ele fica paraplégico, situação que coloca outros empecilhos em seu caminho.
Detalhes
Direção
Roteiro
Produção
Marcos Freder |
Realização
Capicua Filmes |
Trilha Sonora
Dirceu Cieslinski |
Fotografia
Andre Chesini |
Montagem
Nathalia Chesini Okimoto |
"Falta-lhe um desenvolvimento robusto de narrativa, que por vezes naufraga em uma terrível trivialidade – como é a vida de qualquer um e que, portanto, não merece ser registrada. O drama do protagonista pode comover, mas não por tempo suficiente. Quem sabe quantas histórias iguais ou melhores a de Dirceu a cidade de São Bento não nos daria?" Bem, meu primeiro ponto: quando o autor coloca que a narrativa do filme cai numa terrível trivialidade ("como é a vida de qualquer um, e que, portanto, não merece ser registrada"), fica minha pergunta: por que não merece ser registrada? Assisti "um filme para dirceu" no festival de cinema de brasília, e me impressionei justamente com a trivialidade, com o que me pareceu totalmente sincero, sem nenhuma afetação da pessoa em questão, ou seja, o Dirceu, que não é um personagem, é uma pessoa real. Achei o filme interessante não por pretender contar a história de um grande artista, idealizado, um fetiche, mas por mostrar uma pessoa comum, que não deixa de ser um artista. Nesse sentido, discordo quando você coloca que essa longa duração do filme, por sofrer de uma carência de narrativa, supostamente acaba tornando o filme menos interessante (que é quando você coloca que "o drama do protagonista pode comover, mas não por muito tempo"). Eu, particularmente, não fiquei entediada, pelo contrário. Mas entendo alguns pontos colocados pela crítica, e concordo que de certo modo o longa sofre de uma falta de narrativa. Ele parece mais um emaranhado de cenas comuns do dia-a-dia do Dirceu. Sendo isso proposital ou não, agradável ou não à nós espectadores, o fato é que talvez tenha se ajustado bem às condições: é um registro "bruto", com cenas "brutas", de uma vida "bruta" (digo bruto no sentido de ser sincero. Não é pra ser chocante, ou visualmente belo, ou mostrar algo totalmente original, é só pra mostrar o cotidiano, também sem afetação cinematográfica). Eu sei que a grande atração do cinema é contar algo supostamente inusitado, mas então por que as nossas salas de cinema no Brasil, por exemplo, só exibem os "mesmos filmes" (estrangeiros, com narrativas quase sempre muito similares - que inclusive é um tipo de narrativa que nós no cinema brasileiro também adotamos - que contam histórias de ação, de terror, enfim, coisas que nos cansamos de ver)? Haha, eu sei que parece exagerado, mas lembro de um comentário que fazem muito por aqui "tem que romper radicalmente a mise-en-scene!!", haha, eu particularmente nem sei o que poderia ser romper radicalmente a mise-en-scene, mas sei que a partir dessas discussões que tive por aí, começar a filmar o cotidiano, de modo as vezes quase enfadonho, tem sido explorado por aí, a um tempo já. Mas o que eu acho radical é a atitude de filmar algo tão comum, com cenas tão comuns, sem ser pretensioso. É diferente de um Andy warhol, por exemplo, que força a barra pra mostrar algo "comum" (um cara comendo um sanduíche, um cara dormindo). Não é comum, é pretendido. Não assisti aos dois curtas anteriores da diretora e não estou familiarizada com a obra dela. Talvez assistindo tudo seja mais fácil identificar esses elementos colocados pela crítica (ao que me pareceu, é como se o filme tivesse ficado "preso à linguagem" dos dois curtas anteriores, sem desenvolvimento de linguagem de longa-mentragem, que é mesmo diferente). Enfim, é isso. Abraço. Marisa