Crítica
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Sinopse
A história real de um médico que descobriu um trauma cerebral relacionado ao futebol americano, e que iniciou uma guerra contra as poderosas instituições esportivas para revelar a verdade ao mundo.
Crítica
Will Smith foi um dos mais comentados nomes na 88ª festa do Oscar. Não por ter vencido algum prêmio, mas por ter sido ignorado pela Academia, não indicado à estatueta de Melhor Ator, assim como nenhum outro artista negro. Ele e sua esposa, Jada Pinkett Smith, decidiram boicotar a festa. E acabaram virando motivo de piada por Chris Rock, apresentador da cerimônia. Duas coisas sobre isso: a família Smith tinha todo o direito de não ir à festa e brigar por maior presença de profissionais negros indicados aos prêmios da Academia. No entanto, a ausência do seu nome, embora sentida, não deveria ser surpresa. Dos louros importantes da indústria, foi lembrado apenas pelo Globo de Ouro, que tem verdadeira adoração por nomes famosos entre seus indicados. As perguntas que ficam: Will Smith tem uma atuação tão boa a ponto de ser indicado ao Oscar em Um Homem entre Gigantes? Tem. Algum dos cinco atores que foram indicados poderia ser trocado para que ele entrasse em seu lugar? Não. Em um ano com boas performances e personagens fortes, o astro da saga Homens de Preto talvez entrasse em uma shortlist com 10 nomes. De novo, o que não diminui sua cruzada contra a falta de diversidade na grande premiação do cinema norte-americano.
Um Homem entre Gigantes começou como um projeto de Ridley Scott, que dirigiria o roteiro de Peter Landesman, adaptado do artigo de Jeanne Marie Laskas. Na trama, baseada em fatos reais, o legista nigeriano dr. Bennett Omalu (Smith) bate de frente contra a NFL, a liga nacional de futebol americano dos Estados Unidos, quando descobre sérios danos cerebrais decorrentes da prática do esporte nos atletas. As concussões do título original são causadas pelas diversas cabeçadas que os jogadores sofrem durante as partidas, algo que tem potencial de lhes tirar a vida muito cedo. Por problemas de agenda, Scott se manteve como produtor, "partindo" para o planeta vermelho para comandar Perdido em Marte (2015), deixando a direção para Landesman, que estreou como cineasta em JFK: A História Não Contada (2013). Em seu segundo trabalho atrás das câmeras, o novato diretor se mostra uma boa escolha. Não baixa a crista para a NFL, fazendo um filme contundente, ainda que se perca no ufanismo exagerado.
O título em português pega a referência mais óbvia de Um Homem entre Gigantes, visto que se trata de uma clássica história Davi contra Golias. Omalu é um imigrante nos Estados Unidos, um homem que sonhava ser um americano por excelência. Quando se depara com sua descoberta, ao fazer a autópsia do ex-astro de futebol Mike Webster (David Morse), não pensa duas vezes. Faz tudo o que pode para publicar sua pesquisa e, com um pouco de ingenuidade, avisar à NFL sobre o problema. O que o filme deixa claro (e basta ver qualquer jogo de futebol para acreditar) é que liga nacional sabia destes danos e nada fazia. É uma questão de lógica, na verdade. O impacto que aqueles jogadores sofrem é tamanho que só podia ser prejudicial. É curioso, inclusive, que uma pesquisa a respeito disso só tenha visto a luz do dia na última década. Só mesmo um estrangeiro para ter coragem (ou, de novo, ingenuidade) o suficiente para enfrentar a toda poderosa NFL.
Apesar de ser mais conhecido por seus papéis em filmes de ação ou pelas comédias do início de carreira, Will Smith é um ator competente no drama, já tendo feito uma bela cinebiografia do boxeador Muhammad Ali em Ali (2001) e um intenso retrato da superação em À Procura da Felicidade (2006), duas atuações pelas quais foi indicado ao Oscar. Em Um Homem Entre Gigantes, Smith capricha no sotaque e faz muito bem o papel de Davi nesta trama. Um homem estudioso, sério e religioso, Bennett Omalu deseja apenas fazer o bem e ser visto como um igual na sociedade em que vive. Ao pegar no calcanhar de aquiles do esporte favorito da América, esta vontade pode não ser alcançada. Com boas dobradinhas com Albert Brooks e Alec Baldwin, Smith consegue nos convencer da jornada daquele personagem, nos fazendo esquecer de sua persona na vida real. A falta de uma maior química com Gugu Mbatha-Raw, seu interesse amoroso no filme, parece proposital, dado o conservadorismo daquele homem.
Exagerando nas questões ufanistas, visto que um dos maiores desejos do protagonista é ser um americano, mas conseguindo colocar o dedo na ferida a respeito da questão dos malefícios do esporte para seus atletas, Um Homem entre Gigantes cumpre o que promete. Entretém, ao mesmo tempo que informa. Tem um estelar elenco, cheio de boas performances, e um diretor novato, mas bastante esforçado. Deve gerar controvérsias para os fãs mais ardorosos do futebol americano, mas é um alerta que não pode ser ignorado.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 7 |
Francisco Carbone | 3 |
Chico Fireman | 1 |
Thomas Boeira | 4 |
Edu Fernandes | 5 |
MÉDIA | 4 |
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