Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola
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A Million Ways to Die in the West
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2014
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Albert é largado pela namorada após fugir de um tiroteio. Mais tarde, uma bela e misteriosa mulher chega à cidade e o ajuda e reconquistar a autoconfiança. Mas, o que ele não sabia é que estaria se metendo numa enrascada enorme.
Crítica
O sucesso de Ted (2012) parece ter feito mal a Seth MacFarlane. O criador dos ótimos seriados Family Guy e American Dad acertou em cheio naquela comédia, dando vida a um urso de pelúcia desbocado e totalmente debochado. Com boa bilheteria, o diretor de primeira viagem ganhou nova oportunidade e, desta vez, ataca com uma sátira aos faroestes, mostrando os perigos em viver em uma época tão mortífera quanto o velho oeste. Em primeira análise, a ideia não é nada má. O ator/diretor faz rir quando aponta que naquela época, tudo que não é você quer matá-lo. O problema de Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola é sua execução. Poucas piadas funcionam e o elenco estelar é mau utilizado, não servindo nem de escada para o protagonista. Teria o sucesso subido à cabeça de MacFarlane?
O roteiro é do próprio diretor ao lado de Alec Sulkin e Wellesley Wild, seus parceiros usais nos seriados de tevê. Na trama, Albert (MacFarlane) é um pastor de ovelhas medroso apaixonado pela bela e frívola Louise (Amanda Seyfried). Quando ela o deixa pelo almofadinha da cidade Foy (Neil Patrick Harris), Albert entra em depressão e nem seus amigos mais chegados, o tímido Edward (Giovanni Ribisi) e a prostituta Ruth (Sarah Silverman), conseguem reabilitá-lo. Tudo muda quando a impetuosa Anna (Charlize Theron) chega à cidade. Albert logo começa uma amizade com aquela misteriosa mulher, sem saber que ela é, na verdade, a esposa do perigoso Clinch Leatherwood (Liam Neeson).
Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola é um show solo de Seth MacFarlane, ainda que ele possua em mãos um elenco cheio de nomes conhecidos. Em uma das cenas, que dura pouco menos de cinco minutos, vemos Albert discorrer sobre os problemas do velho oeste enquanto Edward e Ruth apenas o observam, servindo apenas de espectadores para um verdadeiro número de stand up comedy. Nem preparar as piadas, a tradicional escada, seus coadjuvantes podem fazer, mostrando um trabalho pouco generoso do cineasta/ator.
A única atriz que ganha algum tempo maior em tela e mostra o que sabe fazer é Charlize Theron, que tem um ótimo timing cômico e consegue trocar algumas boas tiradas com MacFarlane. De resto, são poucos os momentos que o elenco coadjuvante tem pra brilhar. Liam Neeson, ainda que pareça se divertir com o papel vilanesco, aparece muito pouco. E Neil Patrick Harris convence como um almofadinha e diverte aqui e ali.
Já MacFarlane se desafia a encarnar o protagonista de seu próprio filme sem subterfúgios. Desta vez ele não é apenas um dublador, ele está de cara limpa e precisa carregar o longa-metragem nas costas. Apesar de ser um fantástico criador de vozes (é ele quem dá vida a, pelo menos, três personagens icônicos de Family Guy, Peter, Stewie e o cão Brian), o ator tem uma performance cheia de altos e baixos no filme. O exagero pende para o desenho animado, revelando as origens do artista. Como exercício, serve para mostrar que confiando em seus coadjuvantes, é possível fazer melhor.
É triste observar que MacFarlane apela para piadas escatológicas quando sabemos que ele é muito mais inteligente do que isso. O diretor acerta quando utiliza seu estilo consagrado no seriado Family Guy para costurar sua trama. Ou seja, muitas referências à cultura pop são jogadas na história, com direito a piadinhas envolvendo a saga De Volta para o Futuro, Django Livre (2013) e Banzé no Oeste (1974). Outro ponto curioso é tentar encontrar as participações especiais rápidas de atores como Ryan Reynolds, Ewan McGregor, Kaley Cuoco, John Michael Higgins e Bill Maher, que aparecem e desaparecem em piscar de olhos da trama.
Com quase duas horas de duração, Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola acaba cansando pela falta de boas piadas. Diverte em alguns momentos, tem boas gags, mas o todo deixa muito a desejar. Principalmente para quem gostou de Ted e espera algo do nível cômico daquela produção, esta sátira aos filmes de faroeste não deve agradar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 5 |
Bianca Zasso | 2 |
Francisco Carbone | 3 |
MÉDIA | 3.3 |
Eu acho que você foi bem infeliz em escrever essa análise do filme. Ele é muito bom e divertido, com uma boa história. Acho que os personagens tiveram o tom certo e as participações foram um show à parte, mesmo que por poucos segundos. Espero que ele faça outros filmes com a mesma linha (o ponto negativo é que podia, em alguns momentos, deixar de apelar pra vulgaridade).