Crítica
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Crítica
Que Peter Jackson é um cineasta sem nenhum poder de síntese, todos nós já sabemos. Depois da ótima trilogia O Senhor dos Anéis (que, somada, bate fácil 10 horas), o mediano King Kong (com seus inchados 187 minutos) e os novos O Hobbit (que, somados, provavelmente vão passar das 9 horas), o cineasta neozelandês adapta mais uma história para o cinema. Desta vez, o livro Uma Vida Interrompida, de Alice Sebold, e, novamente, extrapola com desnecessários 135 minutos de duração no drama metafísico Um Olhar do Paraíso. Dos trabalhos do diretor, este é, de longe, o mais fraco, mesmo tendo diversas qualidades destacáveis.
Na trama, assinada pelo próprio Peter Jackson ao lado de sua esposa, Fran Walsh, e sua fiel colaborada Phillipa Boyens, conhecemos a história da jovem Susie Salmon (Saoirse Ronan), uma garota desabrochando para a adolescência, apaixonada por um colega da escola e despertando seu interesse por fotografia. Sua vida familiar é normalmente feliz, dividindo o lar com seu pai, Jack (Mark Wahlberg), sua mãe, Abigail (Rachel Weisz), seus irmãos mais novos Lindsey (Rose McIver) e Buckley (Christian Thomas Ashdale), e eventuais visitas de sua avó descolada, Lynn (Susan Sarandon). Poderia ser o cenário de uma tradicional propaganda de margarina. Poderia, caso Susie não fosse brutalmente assassinada. A perda da menina é devastadora para a família, com cada um reagindo de forma diferente à sua morte. Jack, por exemplo, decide ajudar as investigações levantando informações sobre todos os homens suspeitos da cidade. Mal ele sabe, no entanto, que o assassino pode estar muito mais perto do que imagina. Do outro lado, metafisicamente falando, está Susie. Presa entre a terra e o céu, a jovem não consegue se libertar do seu passado, fazendo com que todos que ela amava também não consigam esquecê-la.
Apesar de ser um filme bastante irregular, existem momentos elogiáveis em Um Olhar do Paraíso que podem ser destacados. Para começar, a exuberante interpretação de Saoirse Ronan como Susie Salmon. A atriz imprime uma alegria de viver e uma doçura tão marcante em sua personagem que é impossível não ficar sentido pela morte da garota. Seus belos e expressivos olhos são muito bem capturados pela fotografia de Andrew Lesnie (o mesmo da trilogia O Senhor dos Anéis), que tem bastante espaço para usar sua criatividade neste longa-metragem. Visualmente impecável quando na “zona intermediária”, Um Olhar do Paraíso apresenta uma colorida paleta de cores e um compreensível surrealismo. Basicamente tudo pode acontecer por lá. Algumas cenas impactantes, como a destruição do coreto, que faz uma interessante rima com o estado físico do pai de Susie, são muito bem executadas. No mundo real, a fotografia é igualmente interessante, remetendo aos anos 70. Os enquadramentos de Peter Jackson continuam precisos e o uso de sua câmera é inventivo em diversos momentos – ainda que a utilização de uma granulação exagerada em certos trechos, deixe evidente a mudança da lente e incomode um pouco.
Tudo isso citado é pouco para um cineasta do quilate de Peter Jackson. A sensação ao assistir a Um Olhar do Paraíso é que o filme poderia ter tranquilamente 30 minutos menos. O diretor chega ao cúmulo de incluir uma descartável sequência musical na qual observamos a avó do clã, interpretada por Susan Sarandon, tomando conta da casa e fazendo uma bagunça maior que seus netos. É compreensível que o clima soturno do longa-metragem peça por um respiro. Mas da forma que ficou, parece que o diretor descobriu que tinha de aproveitar a presença da atriz, incluindo desta forma uma sequência totalmente fora do tom e do ritmo do filme como um todo. Além disso, alguns personagens são jogados na história e muito mal desenvolvidos. O caso mais evidente é o da psíquica Ruth (Carolyn Dando), que só aparece para resolver pontas soltas do roteiro. Acabamos o filme sem saber quem ela é, de onde veio ou desde quando ela possui este poder em observar o mundo sobrenatural.
Não bastasse isso, o filme nunca consegue impactar o espectador. A morte da garota é triste e brutal, mas a sua presença durante todo o filme diminui a força do seu assassinato. Nada de muito interessante acontece naquele mundo paralelo, fora seu apuro visual, destituindo totalmente a personagem de qualquer desafio. Somos então empurrados pela trama a acompanhar o desenrolar da história dos demais personagens – que, infelizmente, não são tão carismáticos quanto Susie Salmon.
O vilão da história, tão comentado devido às indicações a prêmios que recebeu pela interpretação de Stanley Tucci, não consegue corresponder às expectativas. Mesmo que a performance do ator seja digna de nota, o papel não é lá tão interessante. Tucci teve momentos mais brilhantes em filmes como Julie & Julia (2009) ou O Diabo Veste Prada (2006). Portanto, a indicação foi mais uma forma da Academia reconhecer o conjunto da obra e dar maior notoriedade a um ator sempre competente, mas que não era necessariamente muito popular. Para piorar, o desfecho forçado do personagem tira ainda mais pontos de Um Olhar no Paraíso, fazendo o espectador supor que Peter Jackson não tinha idéia do que fazer com o grande vilão da história, resolvendo a questão pelo caminho menos inspirado.
Vazio emocionalmente, mas cheio de momentos que poderiam ficar na mesa da edição, Um Olhar do Paraíso é um título esquecível da filmografia de Peter Jackson. Vale pelo visual, pela direção de arte caprichada de Jules Cook e Chris Shriver e pela atuação de Saoirse Ronan, que, desde Desejo e Reparação (2008), tem chamado a atenção pelo seu talento. Ainda assim, muito pouco para uma adaptação cinematográfica do porte desta produção.
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Primeiramente, este filme deveria ser classificado como pertencente ao gênero de terror. Trata-se de um filme perturbador e aterrorizante, principalmente aos olhos de quem têm filhos, e que se coloca no lugar do pai da vítima. Em que pese o seu elenco de estrelas dirigidas por um renomado diretor, o filme mostra apenas a família da vítima sofrendo uma dor indescritível de não poder encontrar o corpo da sua amada filha que foi terrivelmente assassinada. Como se não bastasse, ninguém consegue desvendar os crimes e deter o maníaco. Sem dúvida alguma, é o pior filme desse diretor. É inacreditável que Peter Jackson tenha se prestado a dirigir um filme com um roteiro tão ruim no qual o mal é vitorioso e triunfante, enquanto as famílias das vítimas, sofrem dolorosamente. Como dito, a jovem não foi a única a ser barbaramente assassinada. Não foi feita justiça humana, e nem divina. Os belíssimos efeitos especiais, elenco, produção e direção não conseguem encobrir o roteiro detestável, e nos deixa com um sentimento de angústia e revolta diante do sofrimento daquela família. Inclusive, coloquei esse filme na minha lista de piores filmes que já assisti, dentre os quais figura também “O Labirinto do Fauno”. Ao invés de “Olhar do Paraíso”, o nome do filme deveria ser “Um Olhar Para o Inferno”. Eu não gostei desse filme, mas há quem goste.
Só concordo com os críticos na parte que a Ruth tinha que ter muito mais desenvolvimento com o seu lado sobrenatural