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Sinopse
Um famoso arquiteto é contratado para projetar os jardins do Palácio de Versalhes. Uma jovem de estilo mais arrojado é designada para auxilia-lo. As animosidades iniciais somem e eles começam a ficar íntimos.
Crítica
Quando Sofia Coppola decidiu investigar os bastidores da realeza francesa em Maria Antonieta (2006), provavelmente já imaginava que tinha em mãos um assunto que se tornaria uma grife cinematográfica. Afinal, com o passar dos anos, cada vez mais surgem histórias que abordam de maneira ficcional acontecimentos sobre a monarquia na França, seus nobres ou, ainda, os castelos e palacetes e aqueles que lá viveram. Um Pouco de Caos, dirigido por Alan Rickman, busca essa abordagem e centraliza sua história na relação entre um casal de paisagistas e o rei que construiu o icônico Palácio de Versalhes: Luis XIV.
Interpretada por Kate Winslet em performance morna, Sabine De Barra desenvolve jardins. Um tanto moderna para a sua época, a personagem tem para si que o caos é necessário para que haja ordem, e busca refletir isso em seu paisagismo. Como uma surpresa divina, ela acaba sendo solicitada pelo também paisagista André Le Norte (Matthias Schoenaerts), encarregado de organizar o novo projeto de Luis XIV: uma expansão ambiciosa de seu palácio com a construção de um jardim repleto de detalhes como fontes, escadaria e águas. Inicialmente, Le Norte fica receoso em contratá-la, mas logo, talvez cansado de seus jardins simetricamente projetados, decide, sem justificativa muito plausível, acreditar na novata e dar uma chance à completa desordem que ela explora.
O recurso binário criado entre Le Norte e De Barra é simplório (ele é a ordem, ela é o caos) e a relação dos personagens engrena com dificuldade. Mesmo podendo ser justificada pela viuvez da protagonista e a perda trágica de sua filha, não parece residir aí o problema, mas sim na fraca química entre Winslet e Schoenaerts. Por outro lado, a relação de Sabine com o rei Luis XIV responde por alguns dos melhores momentos do filme – Alan Rickman parece ter guardado para o seu personagem as cenas mais marcantes. Com seu semblante cansado e voz grave, é quando entra em cena, sendo confundido com outra pessoa (sem a característica peruca de cabelos pretos e longos de Luis XIV), que De Barra se torna uma espécie de amiga e confidente em um momento caótico. Essa amizade sem interesses secundários servirá de ingresso para ela na sociedade daquele espaço.
Com uma premissa interessante e capaz de explorar questões envolvendo a representação feminina, Rickman se apoia principalmente no bom elenco reunido e na linda fotografia de Ellen Kuras (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, 2004). Por outro lado, Um Pouco de Caos peca pela trilha sonora melodramática de Peter Gregson, mais um elemento que contribui no resultado incômodo deste fraco retrato de um palácio que merecia um esforço à altura de sua importância.
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Esse filme é dez mil . Bom demais. Lindo e maravilhoso .