Crítica
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Sinopse
Em 1946, Andy Dufresne é condenado por um crime que não cometeu: o homicídio da esposa e do amante dela. Mandado para a Penitenciária Estadual de Shawshank, lá terá que cumprir a pena perpétua. Atrás das grades faz amizade com Ellis Boyd Redding, um prisioneiro que cumpre pena há 20 anos e controla o mercado negro da instituição.
Crítica
Observando o status que Um Sonho de Liberdade conquistou com o passar do tempo, e o número de fãs que o longa-metragem de Frank Darabont reuniu, fica difícil se lembrar do quão fracassada foi sua passagem pelo circuito em 1994. Nos Estados Unidos, onde estreou em 23 de setembro daquele ano, gerou apenas US$ 28 milhões contra um orçamento de US$ 25 milhões. Mesmo chegando à bilheteria total de US$ 58 milhões, a produção ficou longe de ser considerada um sucesso. Apesar do público não ter ido ao cinema, os críticos foram e adoraram. A maioria dos textos a respeito da produção era cheia de elogios ao belo trabalho do elenco, à sensibilidade da direção e da ótima adaptação do conto de Stephen King. A Academia não ignorou a obra de Darabont e, embora não tenha concedido prêmio algum ao longa, o indicou a sete Oscar, incluindo o de Melhor Filme. A atenção do público começou a se aguçar e, logo após a premiação, o lançamento da versão VHS representou o sucesso que ele tanto precisava. Em 1995, foi a fita mais alugada nos Estados Unidos. Com a TNT, logo depois, adquirindo os direitos de exibição a preço de banana, o longa foi exibido inúmeras vezes na TV, caindo definitivamente no gosto do público. Hoje, se você procurar a ficha desta produção no IMDb, ela indicará este como o melhor filme de todos os tempos, segundo a audiência. Mesmo com demora, acabou encontrando seu público.
Na trama, acompanhamos 19 anos da vida no cárcere de Andy Dufresne (Tim Robbins), acusado de matar a esposa e o amante dela. Condenado à prisão perpétua, o réu sempre negou a autoria do crime, mesmo que tudo apontasse para o contrário. Ao chegar à prisão de Shawshank, Andy conhece o simpático Red (Morgan Freeman), homem que está há dez anos enclausurado, também cumprindo prisão perpétua. Uma curiosa amizade surge entre os dois, que vai crescendo ao passo que Andy se revela um sujeito calmo, inteligente e muito leal aos seus parceiros na prisão. Para conquistar regalias dentro da penitenciária, Dufresne – que era contador – passa a fazer o imposto de renda para os carcereiros e ajuda o diretor de Shawshank, o inescrupuloso Samuel Norton (Bob Gunton), a lavar dinheiro. Esses privilégios não são apenas direcionados a Andy, mas aos colegas também. O tempo passa, amizades são fortificadas, mas o sonho de liberdade que existe em cada um deles nunca se esvai. Red tenta diversas vezes a condicional. Seu amigo, no entanto, tem outros planos. Com a ajuda de Rita Hayworth, Marilyn Monroe e Raquel Welch, Andy tentará se livrar daquela realidade, nem que para isso tenha de passar pelo inferno antes.
Embora seja ambientado na prisão, Um Sonho de Liberdade pode ser curiosamente rotulado como um filme inspiracional. Não, ele não fará alguém querer perseguir a carreira de crimes. Muito pelo contrário. O longa-metragem mostra o valor da liberdade, de encontrar seu lugar no mundo, e da real amizade. Esses são conceitos muito bem trabalhados por Frank Darabont em seu roteiro, postos à prova em performances emocionantes. Mesmo que, por vezes, o filme peque pela narração demasiada, muito da relação entre aqueles homens na prisão é construída com silêncios. O protagonista pode ser o melhor exemplo disso, visto que não é alguém falador. Ele tenta se manter são num mundo desconhecido. E, de início, a quietude e a discrição são suas maiores aliadas. Tim Robbins dá vida a Andy Dufresne como uma pessoa obstinada, que usa sua inteligência para conquistar o que deseja. Por mais que seja amigo dos colegas de prisão, não permite a alguém conhecer toda a extensão de seus objetivos. Ele pensa no bem comum, mas tem uma agenda própria a cumprir. Morgan Freeman, por sua vez, faz de Red um sujeito bonachão, de fala agradável e muito seguro de suas certezas, conquistado pelo temperamento e pela personalidade de Andy. Os atores não escondem que ali existe uma história de amor, embora feita por dois homens heterossexuais. Esse sentimento ajuda ambos a resistirem a situações nada favoráveis, como a recusa constante da condicional ou os períodos cada vez maiores de confinamento na solitária pelos quais passa Andy ao desafiar seus superiores.
Assim como faria posteriormente em À Espera de um Milagre (1999), Frank Darabont constrói um universo crível, no qual “todos são inocentes”. Os prisioneiros enxergam sua situação através da realidade e, para eles, ninguém é culpado dos crimes pelos quais foram condenados. A ética e convivência daqueles homens é emocionante e mostra que pode existir humanidade mesmo entre pessoas confinadas em uma prisão, privadas do direito mais valioso que é a liberdade. Não à toa, os vilões mais detestáveis do filme não estão atrás das grades, mas comandando a situação, como é o caso do diretor Norton e do carcereiro Byron Hadley (Clancy Brown). Estamos, afinal de contas, vendo a história através dos olhos de Red, o narrador da trama.
Com ótimas performances e mensagem positiva, Um Sonho de Liberdade conquista o espectador, mostrando até então um lado pouco conhecido de Stephen King para o público em geral, acostumado às histórias fantásticas do autor. Depois de Conta Comigo (1986), é a adaptação de um conto seu que King mais aprecia. Talvez por isso, o escritor não tenha colocado empecilhos para Darabont adaptar outras obras suas posteriormente, como À Espera de um Milagre e O Nevoeiro (2007). Nenhuma, no entanto, recebeu tanto carinho do público como esta obra – mesmo que muito depois de sua passagem pelos cinemas.
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Assustador como o autor da crítica não entendeu o filme. A prisão verdadeira está na mente deles querido. O muro que os cerca não é de concreto mas dá diminuição dos próprios próprios. Por isso a famosa frase de que a esperança é uma coisa perigosa porque pode enlouquecer a pessoa. Que textinho superficial do crítico