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Sinopse

Trabalhador de uma produtora de cinema, um jovem grava acidentalmente ruídos referentes ao acidente que levou à morte do governador local. Ele tenta então reconstituir o cenário utilizando esses sons.

Crítica

Considerado um dos melhores filmes de Brian De Palma, Um Tiro na Noite faz por merecer o posto. Aqui as referências a Alfred Hitchcock são menos explícitas e mais inspiratórias, além de haver uma homenagem às avessas ao clássico de Michelangelo Antonioni, Blow Up: Depois Daquele Beijo (1966) – não à toa o título original do filme (Blow Out) remete ao longa do cineasta italiano. A conspiração toma conta da história a partir de um acidente que pode aparentar simplicidade, mas que vem recheado de tramoias do mais alto escalão.

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Temos John Travolta em um grande papel após alguns “embalos à noite”. Ele é Jack Terry, o técnico de som de um estúdio de filmes B que está num parque captando áudios de aves para a próxima produção. Um estrondo, uma derrapada de pneus, um carro batendo em uma ponte e caindo no rio. Por sinal, uma construção genial do diretor. A sequência interrompe o trabalho do protagonista, que então salva a carona da morte certa. Porém, quem dirigia o veículo era um importante político e candidato a governador. Será que foi tudo acidente ou há algo escondido, um crime perfeito?

De Palma coloca o personagem de Travolta como investigador não-oficial, pois a polícia faz pouco caso do que realmente ocorreu.  Já a garota envolvida no acidente é alvo da equipe do governo, que almeja seu sumiço. E aí que descobrimos o principal: a trama é, na verdade, um McGuffin, uma distração para De Palma falar não apenas de assassinatos e da podridão política, comunismo e afins, mas também para construir um filme sobre um filme. É justamente em outra sequência inesquecível do cineasta que vemos sua genialidade. Para tentar solucionar o crime, que inclui um som de disparo de bala no meio do acidente, Jack utiliza o princípio básico do cinema, a montagem através do som e da imagem, para conseguir seu resultado.

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Talvez seja melhor não falar muito sobre Um Tiro na Noite. Uma das obras-primas de seu realizador, merece a revisão dos que já assistiram ou a primeira audiência de quem nunca viu ou ouviu falar dele. O longa engloba o melhor de De Palma numa combinação explosiva de suspense, efeitos imagéticos, montagem primorosa, atuações acima da média e, é claro, suas lembranças que remetem ao mestre do suspense. Como esquecer o dilema inicial a respeito de como sonorizar uma morte a facadas? Psicose pura. De Hitchcock a De Palma e vice-versa.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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