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Sinopse

Aos 40 anos, Ariane é uma juíza solteira, dedicada ao trabalho e de pensamento antiquado. Ao receber a notícia de que está grávida de um praticamente desconhecido, ela entra em parafuso. Mais ainda quando descobre que o pai de seu filho é um criminoso processado.

Crítica

Sucesso de público na França, Uma Juíza sem Juízo levou quase 2 milhões de espectadores ao cinemas para conferir a história de Ariane Felder, uma rígida profissional da Justiça, solitária e viciada em trabalho. Tudo muda na vida da personagem quando descobre que está grávida de um criminoso acusado de arrancar e comer os olhos da vítima. Essa descoberta quase absurda não só faz com que a vida dela vire do avesso como também a coloca para descobrir um lado desconhecido de si mesma.

Com uma trama de moldes americanos, a produção carrega em uma estética particularmente francesa e que chega a remeter até mesmo ao O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), de Jean-Pierre Jeunet. Dirigida por Albert Dupontel, que também interpreta o pai criminoso, a produção é estrelada por uma excelente Sandrine Kiberlain, que venceu o César de 2014 por essa performance. Apresentando um tipo complicado, com nuances e justificativas para seu isolamento, a atriz carismática demonstra um perfeito timing cômico, impulsionado pelas surpresas que o roteiro de Dupontel traz.

Uma Juíza sem Juízo se perde, no entanto, em alguns momentos. Os mais visíveis são aqueles em que o diretor decide mostrar grandes efeitos especiais, ou nos que faz uso injustificado da narração em off da protagonista, como no início, sem finalizar com a mesma. Ou, ainda, pela previsibilidade da trama: o criminoso obviamente está sendo indiciado por um crime que não cometeu e terá a ajuda de Ariane, propiciando o surgimento de uma cumplicidade entre ambos. Mesmo assim, Dupontel entrega um circo cômico que funciona com a plateia e se torna ainda mais relevante pelo seu dinamismo narrativo e por contar com personagens marcantes, como o advogado gago de defesa do criminoso.

Bom exemplo da capacidade de um cineasta se apropriar de uma premissa com traços de comédia americana e transformá-la em algo com legitimidade francesa, Uma Juíza sem Juízo, curiosamente, recebeu ótimas críticas na Europa. As produções brasileiras do mesmo gênero, que igualmente carregam de forma exagerada em uma estética americanizada, deveriam ir a julgamento e ganhar uma boa reabilitação de aprendizado com seus pares franceses.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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