Crítica
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Sinopse
Crítica
Não há muita originalidade no texto, é preciso dizer. Um talento recluso se recusa a sair da zona de conforto pelo temor de também ter de revelar seus problemas pessoais. Porém, há meios e contextos contemporâneos que abastecem a mais nova história de ascensão de um artista musical, como a vigente revolução da indústria fonográfica, por exemplo. Isso, claro, se a jornada de Uma Linda Vida quisesse mais do que apenas a contemplação de alguém já reconhecido.
Na trama, seguimos Elliott - interpretado pelo cantor dinamarquês Christopher - um pescador dono de uma linda voz, mas de poucas palavras, descoberto pela agente Suzanne (Christine Albeck Børge) enquanto canta num pequeno show ao lado do amigo, e com pouco dom artístico, Oliver (Sebastian Jessen). Em troca de uma quantia suficiente para resolver contratempos, a mulher convence o jovem a aperfeiçoar sua arte por alguns dias num rancho. Lá, a filha de Suzanne, Lilly (Inga Ibsdotter Lilleaas), reconhecida produtora, precisará lidar com o intempestivo rapaz.
A partir daí, diversas peças começarão a ser encaixadas num breve intervalo. De primeira, a rápida antipatia entre Elliott e Lilly se transforma num romance esquisito, que floresce sob o vazio que a garota possui em seu coração desde o falecimento de seu pai, rockeiro da velha guarda que apenas surge em fotos. A relação de Lilly com a autoritária mãe, o imbróglio do protagonista com a inveja do antigo “melhor amigo”, uma gravidez, tragédias não exploradas e outros pilares são embaralhados, mas bem maquiados sob a bonita trilha sonora de Christopher. Entretanto, o mais estranho fica por conta da apressada mudança de tom do papel principal. Sua personalidade solitária marca o primeiro ato, no qual canções lentas, pouquíssimas frases e ocupações simples se destacam. Em seguida, se torna confiante, estiloso e cheio de trejeitos de uma estrela da música. Destaque para a cena em que Elliott desce e, ao mesmo tempo, acena das escadas de um avião sob gritos de fãs. John Mayer e Ed Sheeran ficariam inspirados pela metamorfose dessa figura. No fim, tudo se acalma de novo.
O que mais chama atenção nessa mistura é que o responsável pelo enredo é Stefan Jaworski (Elfos, 2021), que assina como roteirista único. Ou seja, difícil entender a falta de coesão entre os canais por ele abertos. Talvez a resposta esteja na condução do diretor Mehdi Avaz (Toscana, 2022), que pode ter bagunçado conceitos de progressividade dos temas. Mas provavelmente a solução desse quebra-cabeças se concentre nos oito produtores da empreitada - entre eles, o próprio Christopher.
Há uma mensagem elegante. Da habilidade de Lilly, o filme transmite a ideia de que uma vocação não serve de nada se não for aplicada. “Você canta para alguém, certo? Nunca para o nada”. Uma versão melodiosa de "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” que, com um pouco menos de ansiedade, poderia ter se distanciado de algo que mais se assemelha a uma peça publicitária para internacionalizar a carreira do cantor principal.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 3 |
Francisco Carbone | 6 |
MÉDIA | 4.5 |
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