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Sinopse

Sophia e Luke se conhecem em um rodeio do qual o rapaz participa. Os dois passam a viver um romance e o cowboy mostra um mundo novo para a garota. Certa noite, passam por um carro tombado no acostamento. O homem no veículo é Ira Levinson, um veterano de guerra de 91 anos. No hospital, lutando para manter sua consciência, ele recebe visitas de Sophia, que descobre sobre o passado e o grande amor da vida do senhor, uma mulher chamada Ruth.

Crítica

O décimo longa-metragem a chegar às telas a partir de um romance do escritor Nicholas Sparks tem muito pouco que o diferencie dos seus semelhantes de mesma origem. Assim como os anteriores, Uma Longa Jornada também confronta um casal de jovens, no tempo presente, com uma trama romântica do passado (como Diário de uma Paixão, 2004, e O Melhor de Mim, 2014, por exemplo). Os relatos amorosos se dão à moda antiga, através de cartas escritas à mão (como Querido John, 2010), e o foco é maior no protagonista masculino com um trauma de guerra (como Um Homem de Sorte, 2012), além de ser ambientado em um cenário idílico no interior dos Estados Unidos (como Um Porto Seguro, 2013). Ou seja, como se pode perceber por essa breve descrição, o que se tem aqui é exatamente o esperado: mais do mesmo, como um quebra-cabeças cujas peças até podem variar, mas inevitavelmente acabam se repetindo.

No lugar que já foi ocupado por nomes como Ryan Gosling, Channing Tatum, Liam Hemsworth, Zac Efron e Josh Duhamel, entre outros, desta vez temos Scott Eastwood. Aliás, este é um filme que chama atenção pelo elenco – mas não pelos nomes, e sim pelos sobrenomes. Além do filho de Clint, temos também em papéis de destaque os igualmente novatos Jack Huston (neto de John e sobrinho de Anjelica e de Danny) e Oona Chaplin (filha de Geraldine e neta de Charles). O jovem Eastwood – com a mesma expressão durante todo o filme – aparece como Luke, um cowboy que, cerca de um ano após um acidente de rodeio, conhece a estudante Sophia (Britt Robertson, a menos conhecida e a mais natural em cena). Os dois logo se apaixonam, é claro, mas como são de ‘mundos’ diferentes, ficam perdidos entre a razão e a emoção: ele precisa ficar na fazenda, que conduz ao lado da mãe, enquanto ela está de malas prontas para um estágio em uma galeria de arte em Nova York.

A situação deles começa a mudar à medida que se envolvem com a vida de Ira Levinson (o veterano Alan Alda), um senhor que juntos resgatam após um acidente de trânsito. Enquanto este se recupera no hospital, a garota vai lendo as cartas que narram a trajetória de sua grande paixão: quando tinha em torno dos vinte anos (já como Huston), ficou encantado por uma moça recém chegada da Áustria (Chaplin) com sua família. Os dois começam a namorar, mas ele logo é convocado para a guerra, de onde volta com um trauma: não pode mais ter filhos. O desejo dela de ter uma grande família fica à perigo, mas mesmo assim decidem seguir adiante com os planos que tinham em conjunto. E ainda que uma crise ou outra surja pelo caminho, substituem os antigos sonhos por outros mais práticos, como cuidar de uma valiosa coleção de artes, ao mesmo em que ela passa a se dedicar com cada vez maior afinco aos alunos da escola onde leciona.

Dirigido por George Tillman Jr. (o mesmo do irregular Homens de Honra, 2000) a partir de um roteiro de Craig Bolotin (cujo trabalho anterior foi o drama nunca lançado no Brasil Light it Up, 1999, há mais de quinze anos), Uma Longa Jornada envolve seu espectador pelos motivos acima citados: protagonistas esteticamente atraentes, paisagens paradisíacas, romances exagerados. No entanto, basta um pouco de distanciamento para perceber que pouca coisa faz sentido em sua trama. Afinal, para quem eram todas aquelas cartas, se o casal morou junto durante toda a sua vida? E qual o drama terrível a ser superado? Não poder ter filhos? Por quê em nenhum momento se cogita a possibilidade de adoção? Ou pior, como no caso presente, que se trata apenas de uma questão geográfica! Que mundo é esse, afinal, em que internet e telefones celulares inexistem? Mais implausível, no entanto, é a resolução, completamente tirada da cartola, que resolve todos os dilemas de uma só vez. E, assim, foram viver felizes para sempre. Os personagens e qualquer um que conseguir evitar esse gigantesco desperdício.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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