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Crítica

Exibido pela primeira vez no Festival de Toronto 2013, Uma Longa Viagem chega com relativo atraso nos cinemas brasileiros, ironicamente, quem sabe, fazendo jus ao título que ganhou por aqui. Baseado em fatos reais e no livro de uma vítima do exército japonês durante a 2ª Guerra Mundial, o filme tem elementos para emocionar uns, mas pode deixar a desejar para outros.

Apaixonado por trens, o engenheiro e soldado Eric Lomax e seus companheiros foram presos pelos japoneses em Singapura, durante o grande conflito, e ajudaram na construção de uma ferrovia, que ligaria Bangkok até a Birmânia (atual Myanmar). Embora mantivesse com os sobreviventes uma espécie de código do silêncio sobre a humilhação e tortura sofridas, uma repentina paixão de Lomax (autor do livro) por uma mulher, 40 anos após o episódio, faz com que ele ressuscite os fantasmas da época e um acerto de contas com o passado se mostra necessário.

Protagonistas do romance, os ganhadores de Oscar Colin Firth e Nicole Kidman estão honestos em cena e contam com o auxílio luxuoso de Stellan Skarsgård como um dos amigos de combate. Com toques sutis de suspense, o drama tem belas cenas e trilha grandiosa de David Hirschfelder, um cara que sabe o que faz, como mostram as indicações ao Oscar por Elizabeth (1998) e Shine: Brilhante (1996). O mesmo acontece com o trabalho de reconstituição de época, feito por uma equipe talentosa, como a figurinista Lizzy Gardiner, que papou o Oscar pelo ousado Priscilla: A Rainha do Deserto (1994).

Dirigido pelo australiano Jonathan Teplitzky, de filmes premiados e pouco conhecidos do grande público, The Railway Man (título original) ganhou o SIGNIS Award no Festival de San Sebastian, Espanha, mas é bem provável que cause em uma significativa parcela do público a sensação de que faltou algo para ser mais tocante. Escrito pelo ingleses Frank Cottrell Boyce (experiente) e Andy Paterson (novato), o roteiro emociona, sim, mas faltam ganchos que prendam o espectador no conflito do personagem. Duro e com algumas cenas mais pesadas (sem exageros), é um filme regular para bom, ainda que, sem sombra de dúvida, transmita uma bonita mensagem sobre a loucura da guerra, o desejo de vingança e o poder do perdão.

Em tempo: não saia antes dos créditos finais. Não só para saber o destino dos personagens principais, mas também para conferir fotos antigas e mais atuais dos personagens reais.

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