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Sinopse
Casada com Gero, político ansioso para se tornar governador do Distrito Federal, Lúcia está disposta a apoiar o marido nas eleições. Entretanto, depois de ele cometer um vacilo, a solução é fugir para o Rio de Janeiro.
Crítica
Mariana Ximenes é, muito provavelmente, o que mais perto o Brasil tem atualmente como verdadeira estrela de cinema. Ainda que volta e meia ela se aventure no teatro e tenha na televisão seu veículo de maior apelo popular, a impressão que temos é que na tela grande é onde ela parece se sentir, de fato, em casa. Tanto que ela esteve à frente de quatro filmes em 2015 e já tem engatilhado mais quatro para este ano. Tanto empenho – em vários destes projetos ela aparece também como produtora – não parece, no entanto, estar acompanhado também por um critério seletivo mais apurado. Tanto que o primeiro dessa nova leva a entrar em cartaz, a comédia romântica Uma Loucura de Mulher, tem boas chances de ser apontado no final do ano como um dos piores dessa temporada.
Marcus Ligocki Jr, produtor brasiliense por trás de longas como o documentário Rock Brasília (2011) e a comédia dramática inspirada em fatos reais O Último Cine Drive-In (2015), estreia agora como realizador e roteirista com Uma Loucura de Mulher. E se o título genérico não causa de imediato a melhor das impressões, basta a trama ter início para que qualquer medo se confirme: tudo só tenderá a piorar durante suas quase duas horas de duração. Porém nada seria tão ruim se fosse o caso apenas de uma bobagem descartável, que buscasse o riso fácil e inconsequente. No entanto, o que encontramos é algo falso, que finge um discurso para, como resultado, atacá-lo sem piedade. Vende-se como a história de uma mulher em busca de si mesma, mas tudo que entrega é mais uma coitada que só consegue se fazer valer ao lado de homens que nunca lhe dão o devido crédito.
De louca, afinal, Lúcia (Ximenes) não tem nada. Quando percebe que o marido (Bruno Garcia, desajeitado), um político aventureiro, está lhe usando como moeda de troca junto a um veterano senador (Miele, em sua despedida das telas) para obter desse apoio em sua candidatura à governador do Distrito Federal, ela decide fugir de volta para o Rio de Janeiro. Uma vez lá, encontra refúgio no apartamento abandonado que foi de seu pai e num antigo namorado da infância, Raposo (Sérgio Guizé, preguiçoso e sem convencer). Neste caminho, o enredo trafega por sujeiras de passarinhos, piadas homofóbicas, uma trilha sonora onipresente e irritante, que serva apenas para reforçar o que já está exposto em cena, e confusões dignas do pastelão mais desgastado (como entra e sai de portas e uma perseguição de carros que ao invés de provocar riso, apenas constrange). Ou seja, só falta torta na cara.
Há pouco com o que se identificar. Lúcia não sabe o que quer da vida, é ingênua e despreparada, do tipo de mulher que abandona todos os seus sonhos em nome das ambições do esposo. Gero (Garcia) é um personagem antipático, que trai a mulher com a melhor amiga dela e não hesita em prostituir a companheira ou mandá-la a um manicômio caso um destino ou outro sirva melhor a sua carreira. Raposo, noivo de uma garota bela, porém fútil, mas não pensa duas vezes em mentir para a namorada quando quer rever a antiga paixão. A vizinha (Guida Vianna) é enxerida, fofoqueira e ninfomaníaca. E o bonitão metido a galã (Erom Cordeiro), na verdade não passa de um profissional, que vai para cama com homens ou mulheres, dependendo de quem pagar mais. Ou seja, ninguém é exatamente o que parece num primeiro instante, e o que revelam logo a seguir é ainda pior.
Talvez Ligocki quisesse contar a trajetória de uma mulher que larga as amarras do passado para lutar por um futuro melhor. Pena que esse novo caminho se resolva com um ramo de flores e uma cena “um ano depois”, sem desenvolvimento e de forma apressada. Os homens ao redor da protagonista – do marido infiel ao novo amante, passando pelo porteiro do prédio até o citado pai, visto apenas em fotografias – são todos fracos, sem personalidade e inconstantes, do tipo que não se pode confiar. Mariana Ximenes, por outro lado, tenta o seu melhor, mas lhe carece texto e oportunidade para tanto. Assim, entre desfechos previsíveis e reviravoltas óbvias, Uma Loucura de Mulher promete ser um teste de força apenas ao espectador, que terá que se esforçar para sair são de uma sessão como essa e, depois de tamanho desperdício, seguir acreditando no cinema nacional.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 2 |
Francisco Carbone | 2 |
Ailton Monteiro | 5 |
Alex Gonçalves | 3 |
MÉDIA | 3 |
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