Crítica
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Sinopse
Após fracassos profissionais, Larry Daley arranja um emprego como segurança noturno no Museu de História Natural, em Nova York. Logo na sua primeira noite, coisas estranhas começam a acontecer: tudo no local ganha vida assim que escurece.
Crítica
Há um encanto na noite proveniente da ideia de escuridão, que vem do psicológico natural humano de paralelamente temer e ser curioso quanto ao desconhecido. O escuro, como ausência de luz, é nada mais do que algo que não podemos ver e de que, portanto, não sabemos nada com certeza. Some isso a ausência de rotina social, da sociedade em si que deve estar, em sua maior parte, dormindo, e a noite torna-se o cenário mais fértil para se semear as mais mágicas histórias. Não é à toa que os contos de fadas ganharam o costume de serem lidos para as crianças antes de dormir. Contadores de histórias em diferentes épocas entenderam e usaram isso para hipnotizar suas plateias: seja Charles Dickens ao compor sua mais famosa história, Um Conto de Natal, todo ambientado em uma única noite, ou Spielberg ao apresentar o pequeno alienígena protagonista de E.T.: O Extraterrestre (1982). As possibilidades do mundo noturno, porém, se encerram com o nascer o dia, que traz a noção de obrigações e rotinas a serem cumpridas. Aproveitando-se deste sentimento já tão bem trabalhado como ferramenta, Uma Noite no Museu constrói uma pequena aventura fantástica que o usa como elemento de sua própria trama, criando uma história que se não é memorável como poderia ser, ao menos é divertida e aconchegante enquanto dura.
Trazendo como centro do enredo o segurança recém contratado Larry (Ben Stiller), agora responsável pela vigilância noturna do Museu de História Natural em Nova York, o roteiro não demora para apresentar o conceito mágico que governa o local: um encanto que faz com que todas as figuras expostas ganhem vida após o anoitecer, voltando ao seu estado natural quando o sol se levanta outra vez. Isso é, desde que estejam dentro dos limites do museu. E manter os mais diferentes tipos sob controle dentro de um espaço tão pequeno vai ser o grande desafio do herói, que, ainda por cima, tem de lidar com o filho que sente falta de um maior contato com o pai.
Estruturalmente, o longa não é nenhuma novidade, seguindo o mesmo padrão percebido em outros filmes divertidos com um final feliz para a família, e sua força e sucesso se explicam pelos personagens. Mesmo Stiller – que apesar de limitado, não é mau ator – conquista com facilidade o carisma do público, que ainda encontra em cena figuras como Owen Wilson, Robin Williams, Steve Coogan, Ricky Gervais, Mickey Rooney e Dick Van Dyke (!) como coadjuvantes de luxo. Com uma noite povoada com tantos rostos conhecidos, fica fácil embarcar na aventura que apresenta gags e desafios que vão do enorme esqueleto de T-Rex até os furiosos hunos, passando pelo irritante macaquinho Dexter.
Se gerou mais duas continuações – até então, e nenhuma delas chega nem perto de ser tão divertida, apesar de uma delas contar até mesmo com Amy Adams – a explicação está mesmo no carisma que esse elenco exala ao, antes de mais nada, representar um problema para o nosso herói, e só então irem aos poucos transformado-se em parte da solução. Uma Noite no Museu usa então de artifícios comprovados e fáceis para fazer uma comédia empolgante e que, graças aos toques únicos dos atores envolvidos, acabou ficando icônica. Em uma outra situação, com outro orçamento e outros intérpretes, talvez tivesse sido só uma bobinha distração. Felizmente, temos aqui mais do que apenas isso.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Yuri Correa | 6 |
Robledo Milani | 5 |
Thomas Boeira | 6 |
MÉDIA | 5.7 |
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