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Crítica


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5 votos 7.2

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Sinopse

De volta ao interior para lecionar numa escola primária, uma jovem de 18 anos acaba chamando a atenção por seus métodos de vanguarda, não agradando as colegas conservadoras.

Crítica

Ziraldo é um dos grandes nomes da literatura infantil brasileira, principalmente por ter sido o criador do icônico Menino Maluquinho, um personagem tão popular quanto os da Turma da Mônica. Se morasse nos Estados Unidos, seria considerado um Walt Disney. Mas aqui a realidade é outra, e só o fato de ser o autor de um dos livros mais vendidos no país em todos os tempos já é motivo de sobra para orgulho. Mas esse sucesso todo demorou muito para chegar ao cinema, ainda mais em um país tão afeito às adaptações literárias como o nosso. E depois de Menino Maluquinho: O Filme (1994), de Helvécio Ratton, e de Menino Maluquinho 2: A Aventura (1998), de Fernando Meirelles (filme de estreia do diretor de Cidade de Deus) e Fabrizia Pinto, mais uma obra sua ganhou as telas: Uma Professora Muito Maluquinha. E se o longa é colorido e movimentado, o maior pesar está mesmo no fato de não estabelecer uma comunicação efetiva com um público mais amplo.

Existem filmes para adultos, para jovens e para crianças. E agora, com esse Uma Professora Muito Maluquinha, tem-se também um título para as pré-alfabetizadas! Isso porque tudo que se vê em cena é muito ingênuo, pueril, quase tolo. É um tanto difícil imaginar que os pequenos de hoje, tão conectados com o mundo e ligados nas últimas novidades, consigam se desligar de tudo e perdoar a inocência que a obra apresenta. Não há contemporaneidade, piadas de duplo sentido ou modernizações. Pelo contrário. Não é apenas a trama que se passa nos anos 1940: o público ao qual se dirige também parece ser o daquela época.

Paola Oliveira é a personagem principal, num desempenho encantador – o único verdadeiro destaque do elenco. Ela é uma professora novata do interior de Minas Gerais que ousa ignorar as convenções locais e decide aplicar métodos pouco tradicionais com os seus alunos. Suas intenções são as melhores possíveis, e é claro que os estudantes irão responder à altura. O bom andamento das aulas logo irá despertar a inveja das colegas e da própria diretora da escola. Ao mesmo tempo, a jovem será motivo de cobiça de todos os solteiros da cidade, despertando ciúmes inclusive no padre recém-chegado. A referência aqui é ao clássico O Padre e a Moça, poema de Carlos Drummond de Andrade. Mas nada é muito dramático, e mesmo esse conflito só é desenhado em linhas muito amplas e vagas.

A impressão geral é que se quer agradar a tantos que no final ninguém fica de fato satisfeito. Até Chico Anysio, em seu último trabalho para o cinema, fica carecendo de um final mais digno para o seu personagem, o Monsenhor, que de uma hora para outra é simplesmente excluído da trama. Os diretores André Alves Pinto (sobrinho de Ziraldo) e César Rodrigues fizeram um trabalho quase amador, que não apresenta nenhuma direção de atores (as crianças chegam a irritar com a interpretação empolada que assumem) e um enquadramento que nem televisivo pode ser considerado, tamanha é a limitação apresentada. Uma Professora Muito Maluquinha, o livro, é um genérico criado por Ziraldo para capitalizar em cima de sua criação de maior sucesso. Já o filme nem isso consegue, e mesmo as boas intenções não salvam o projeto do desastre total. Afinal, como diz o ditado, delas o inferno está cheio!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
4
Bianca Zasso
6
MÉDIA
5

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