Uma Promessa
Crítica
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Sinopse
Alemanha, 1912. Um jovem diplomata ingressa no serviço administrativo em uma usina siderúrgica e por conta do seu bom trabalho, seu patrão, um homem severo e mais velho, o contrata para o posto de secretário particular. Conforme os dias passam, ele conhece e se aproxima da esposa do seu patrão, apaixonando-se perdidamente por ela. Sem revelar seus sentimentos, é mandado para o México, repentinamente, ficando longe da sua amada. Ao anunciar sua partida, a mulher entra em desespero, realizando que ambos se amam. Assim, eles fazem uma promessa de amor: após dez anos, ele irá retornar e eles ficarão juntos.
Crítica
Estamos na Alemanha, em 1912. No início do século, as oportunidades de ascensão social demandavam mais sorte do que competência. No drama Uma Promessa, de Patrice Leconte, este foi o caso do jovem Friedrich Zeitz (Richard Madden). De origem humilde, morador de um sótão alugado em uma parte pobre da cidade, a vida do talentoso estudante de engenharia muda a partir do ingresso na companhia siderúrgica de Karl Hoffmeister (Alan Rickman).
A contratação poderia ter sido apenas um passo em direção à estabilidade – o máximo que alguém sem sobrenome poderia esperar na época. No entanto, o senhor Hoffmeister percebe o potencial do jovem e o chama para ser seu secretário. A aproximação profissional reflete na vida pessoal, e logo Zeitz conhece de Lotte (Rebecca Hall), esposa do patrão.
Patrice Leconte (Confidências Muito Íntimas, 2004) assina o roteiro junto a Jérôme Tonnerre. Adaptação da obra de Stefan Zweig, a temática pode ser reconhecida em outro trabalho do escritor, que esteve há pouco nas telas do país com O Grande Hotel Budapeste (2014). Independente das particularidades e das preferências estéticas dos diretores, tanto o filme de Wes Anderson quanto o de Leconte trazem um romance de época entrecortado pelas agruras da guerra.
Uma Promessa é um filme instável. No primeiro ato, quando deve apresentar os personagens, a relação com a então namorada e a entrada no emprego, Leconte impõe um vigor que raramente se repetirá nos momentos posteriores. Por um lado, isso é compreensível. O grosso do conteúdo, o desenvolvimento da tensão presente na mudança de Zeitz para a casa de Hoffmeister, por exemplo, merece ser talhado com cuidado. E, por boa parte do segundo ato, acabamos realmente envolvidos com a relação do jovem com Lotte. Quando finalmente a situação se estabiliza e Zeitz é mandado para o México, o filme sofre, então, uma baixa irreparável. As atuações pungentes de Madden e Hall somem de tela e são substituídas de maneira insuficiente pela troca de correspondências e – portanto – pela narração em off.
Além do filme se fragilizar em um momento crucial, notamos que a opção estética de Leconte pela fotografia contemporânea e leve de Eduardo Serra (Diamante de Sangue, 2006), como em Ensaio sobre a Cegueira (2008) ou em A Caça (2012), acaba acomodando-se mal ao andamento final e ao arrefecimento dos acontecimentos. A tensão psicológica não é suficiente para manter o drama.
Enquanto suportou o desdobramento das informações inicias, Uma Promessa se mostrou um filme interessante, tecnicamente competente e alicerçado em um elenco marcante e coeso. Na medida em que evoluiu, porém, tornou-se refém da própria expectativa criada, limitando-se – com o perdão do trocadilho infame – a ser apenas uma promessa.
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