Crítica
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Sinopse
Maude Garrett sobe em um avião já de partida alegando ter sido designada em uma missão secreta. Os demais tripulantes desconfiam, mas acabam concordando. O problema é que ela não foi a única a embarcar antes da partida.
Crítica
Chloe Grace Moretz começou a chamar atenção em Hollywood ao participar de sucessos como (500) Dias com Ela (2009) e Kick-Ass: Quebrando Tudo (2010). Após atuar sob o comando de mestres como Martin Scorsese, Tim Burton e Olivier Assayas, no entanto, alcançou um estrelato que tem lhe proporcionado mais embaraços do que elogios. O mais recente exemplo dessa onda é Uma Sombra na Nuvem, um filme tão absurdo e desprovido de lógica no qual ela poderia ser substituída facilmente por Nicolas Cage ou mesmo Chuck Norris, para se ter uma ideia. É um conjunto de situações tão aleatórias que ou a cineasta Roseanne Liang (My Wedding and Other Secrets, 2011) optou por deliberadamente acreditar que seu público embarcaria nessa série de improbabilidades como numa grande brincadeira – porém, nesse caso, o longa ressente-se de uma falta alarmante de humor – ou, por outro lado, investiu numa suspensão total da realidade, como se diante de um contexto alternativo no qual qualquer excesso fosse possível. O que é tão audacioso quanto inviável.
Necessitando urgentemente trocar de agente, Moretz aparece por aqui como protagonista após ter dado as caras em outras produções de resultados igualmente questionáveis, como os remakes Deixe-me Entrar (2010) e Carrie: A Estranha (2013), o romance Se Eu Ficar (2014), a aventura A 5a Onda (2016) e o thriller Obsessão (2018), todos muito aquém das expectativas levantadas. Dessa vez se apresenta como a oficial da aeronáutica neozelandesa Maude Garrett, que durante a Segunda Guerra Mundial precisa assumir um lugar na tripulação de um avião já de partida com a missão de levar consigo um pacote confidencial. Recebida a contragosto pelos demais a bordo, é colocada num cockpit abaixo da aeronave, onde possui vista privilegiada de tudo o que se passa ao redor, porém fica ausente dos debates internos entre os outros militares. A esses, tem acesso apenas pelo microfone, sendo vítima de uma enxurrada de comentários misóginos e agressivos. O que se acompanha por quase 60% da trama é mais ou menos a recriação do pesadelo vivido por Ryan Reynolds em Enterrado Vivo (2010) – ela, assim como a audiência, apenas ouve o que se passa, mas pouco pode se mover ou agir.
Se o andar dos eventos já se mostrava turbulento o suficiente, esse é apenas o começo. Basta ter ciência que, apesar do que declara a seu respeito – e das ações que irá assumir, como derrubar caças japoneses inimigos com mira perfeita – muito pouco do que diz é, de fato, verdade. O conteúdo da caixa que carrega consigo é tão inacreditável quanto irrelevante – as explicações dadas convencem tanto quanto uma declaração de Adam Sandler – e ao seu redor há um imbróglio envolvendo um marido que a agredia, um amante disposto a salvá-la (mas nem tanto), um bebê que precisa acolhimento e uma chance de fugir desse inferno. Mas o mesmo passo dado em busca de uma vida melhor a leva a um tormento que nem chegava a imaginar. Afinal, eles – os humanos – não são os únicos a terem embarcado, pois junto está uma ameaça que muitos não acreditam, mesmo quando essa se manifesta fisicamente na frente deles.
Uma Sombra na Nuvem começa com um curta de animação cujo objetivo é transmitir uma mensagem motivacional aos oficiais em serviço. Ao acusar um piloto de não manter seu avião em ordem, o boneco declara: “ah, mas essa bagunça é coisa dos gremlins”, apenas para ouvir como resposta que esta é não mais do que uma desculpa utilizada em situações similares. Pois bem, a narrativa se encarregará de mostrar que o citado monstro não apenas existe, como também é dono de uma selvageria que em nada os aproxima das criaturas anárquicas do longa homônimo de 1984. A versão aqui apresentada é uma mistura de macaco com morcego, enorme como um cachorro policial. No mínimo, bizarro. Mas não o suficiente para que Moretz evite sair no tapa quando em perigo, enfrentando tiroteios no céu, se arrastando por fora da nave de modo que deixaria Tom Cruise com inveja e sobrevivendo a explosões nos ares que nem mesmo o Batman escaparia tão ileso. Como dito antes, nada parece fazer sentido, apenas que ela é capaz de tudo, enquanto os demais se mostram como filhos ilegítimos de John McClane com Freddy Krueger. Um legítimo show de horrores.
Para piorar o cenário, há ainda as polêmicas nos bastidores. Afinal, este é nada menos do que o terceiro projeto da atriz a ser afetado pelo movimento #MeToo. Depois de I Love You, Daddy (2017) – engavetado após as acusações contra o ator e diretor Louis C.K. – e da animação Sapatinho Vermelho e os Sete Anões (2019) – que ela chegou a se desculpar publicamente por ter aceitado dublar a personagem principal – Moretz se viu envolta em Uma Sombra na Nuvem com denúncias de abuso sexual relacionadas ao roteirista Max Landis (filho do grande John Landis e autor de outros filmes horrorosos, como Victor Frankenstein, 2015, e Bright, 2017). Como se percebe, a sorte dela não anda das melhores. O recomendado seria um bom banho de sal grosso, pra começar. Talvez isso a impedisse de embarcar em projetos tão furados quanto esse. Seus (cada vez mais escassos) fãs agradeceriam. Enquanto isso, a esses resta apenas vê-la como coadjuvante de Tom & Jerry (2021). Ao menos, nesse, por mais que apanhem um do outro, nem mesmo as animações saem feridas.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 1 |
Leonardo Ribeiro | 5 |
MÉDIA | 3 |
Bizarro.Esse filme absurdo é horroroso!!!!
Filme horroroso!!!! Roteiro ruim, cenas totalmente absurdas e sem nexo.
filme péssimo, situações absurdas, com a que ela está caindo e um avião japonês explode abaixo dela jogando-a de volta para o avião acima, kkkkkkk para não chorar, e o ser que cai baleado do avião na ilha e não se machuca, pelo contrário aparece depois para ainda tentar roubar a criança de novo kkkkkk para não chorar. perda de tempo total, cuidado para ela não desaparecer do cinema com esses filmes., é melhor ter cuidado nas escolhas.
Que tristeza. Eu era grande fã da atriz, mas desde que a família começou a interferir em sua identidade e carreira artística, ela vem escorregando em produções de qualidade duvidosa. A sua versão de Carrie é a pior desde o livro e os seus filmes reaproveitam cenas uns dos outros como inspiração. Saber que ela abraçou a identidade de Justiceira Social de Hollywood — junto com esse roteiro pífio — servem apenas para enterrar de vez sua carreira e transformar em memórias doces suas primeiras atuações.