Crítica
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Sinopse
Cinco amigos de adolescência que compartilham a frustração de não terem alcançado o sucesso que projetaram para suas vidas se reencontram após muito tempo separados. A possibilidade de recuperar o tempo perdido surge através de uma tentadora e arriscada proposta: o assalto a uma transportadora de valores. O crime (quase) perfeito que prometia transformar suas trajetórias cumpre o seu propósito, mas não exatamente como planejaram.
Crítica
Fazer comédia no cinema brasileiro é algo complicado. Ou se faz algo descerebrado e televisivo para agradar ao grande público ou se pensa num tom mais sarcástico e irônico que se comunique bem com a crítica. É difícil conseguir o meio termo. Curiosamente, foi preciso o diretor de um dos seriados de maior sucesso da televisão nacional nos últimos anos para atingir esse preciso equilíbrio também na tela grande: Maurício Farias, que após resgatar A Grande Família (2007) numa versão ainda mais bem sucedida do que a original, volta aos cinemas com o divertido e competente Vai Que Dá Certo. O segredo é buscar o riso não pelo exagero, mas sim apoiado num roteiro envolvente e em destacados talentos cômicos, que bem dirigidos conseguem a harmonia entre todos.
A história é bastante simples, e isso é um ponto positivo. Quatro amigos do tempo do colégio que não se deram muito bem na vida aceitam a proposta do primo de um deles para aplicarem juntos um golpe na empresa de segurança que esse trabalha. Como tudo acaba dando errado e ainda ficam devendo uma grana para o bandido que havia emprestado algumas armas para o assalto, eles precisam pensar num plano B. Esta oportunidade surge no ex-colega esnobe que hoje é político. A ideia é, com a ajuda de uma amiga gostosa, enquanto ela enrola o almofadinha fingindo que quer dar para ele, os outros invadem a casa em busca da grana escondida de caixa dois de campanha com o objetivo de pegarem somente o que lhes falta para saldarem a dívida e salvarem seus pescoços, com a promessa de no futuro devolverem a mesma quantia. Mas, como são todos uns atrapalhados, o plano não sai exatamente como o esperado – ainda que o fracasso não seja, ao menos dessa vez, total.
O melhor da direção de Farias – sobrinho de Reginaldo e filho de Roberto – é fazer o que sabe sem impor nada regras rígidas, apenas conduzindo-os como um realizador experiente e generoso. Dessa forma, temos revelações recentes do humor nacional, como Fabio Porchat e Gregório Duvivier, em ótima forma e respondendo por alguns dos melhores momentos, porém sem nunca roubar a cena. Danton Mello, que sempre interpretou o mocinho, surge numa aparência descontruída e cheia de elementos de interesse, o que ajuda a compor seu personagem – o de mais fácil identificação de todo o elenco. Lúcio Mauro Filho e Bruno Mazzeo, se não surpreendem, entregando exatamente o mesmo que já fazem na televisão, pelo menos não decepcionam com exageros histriônicos que lhes são tão comuns em outros veículos de exposição. Por fim temos os belos Felipe Abib e Natália Lage, ambos querendo ser mais do que são (ele mais feio, ela mais sexy) e, surpreendentemente, sendo bem sucedidos nestas intenções.
Vai Que Dá Certo é uma daquelas comédias de situação, que de início traça uma linha narrativa e aos poucos vai alterando o percurso, se adaptando com competência durante o processo. Se os atores respondem bem às mudanças, com um belo timing cômico – nenhum aparece mais do que outro, pois o que funciona mesmo é o conjunto – e boas tiradas, porém sem nunca abandonar o registro leve e inconsequente – os vilões assustam, mas não a ponto de afugentar o espectador – o que se tem de resultado é um programa que diverte sem esquecer a crítica social. Nada é alienado da realidade, e cada personagem, com seus dramas e dificuldades, vive num mundo bem igual ao nosso. Se no final a dica para uma continuação fica evidente, bastante para isso apenas um bom retorno deste primeiro episódio nas bilheterias, a grande lição é de que, se o crime de fato não compensa, ao menos quando os responsáveis por ele são uns totais inaptos, cabe a nós, os que assistimos de camarote, dar umas boas risadas.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Edu Fernandes | 7 |
Francisco Carbone | 7 |
Roberto Cunha | 8 |
MÉDIA | 7.3 |
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