Crítica
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Sinopse
Após encontrarem um vídeo que pode servir para chantagear um ricaço, o trio Rodrigo, Tonico e Amaral decide tentar uma vez mais enriquecer de maneira fácil.
Crítica
Desde o lançamento de De Pernas pro Ar (2010) o cinema brasileiro tem dado indícios de ter descoberto, ainda que tardiamente, uma tendência praticamente irreversível, já praticada desde os anos 1970 em Hollywood: as sequências. Com a saudável – e notável – exceção de Tropa de Elite 2 (2010), todas as demais continuações produzidas nos últimos anos tem como único objetivo angariar mais alguns trocados do público incauto, repetindo as mesmas tramas e personagens, com poucas variações entre si. Qualquer Gato Vira-Lata (2011), Até que a Sorte nos Separe (2012), Meu Passado Me Condena (2013) e S.O.S.: Mulheres ao Mar (2014) são apenas os exemplos de maior destaque, todos iguais na bilheteria crescente e no resultado crítico pífio. Felizmente, a comédia nacional, ainda que maltratada, segue viva e pronta para apresentar algo apto a, mesmo que minimamente, se diferenciar dessa multidão: Vai Que Dá Certo 2, sequência do sucesso de 2013 que mais uma vez aposta nos seus pontos fortes – um elenco entrosado e um roteiro bem construído – para garantir os bons números do longa original.
A fórmula é basicamente a mesma vista em Vai Que Dá Certo (2013): um grupo de amigos pé-rapados acaba se envolvendo, quase que por acaso, em um golpe mais ambicioso do que suas competências, e para saírem ilesos dessa confusão terão que contar mais com a sorte do que com suas próprias habilidades. O elenco é o mesmo, apesar da saída de Gregório Duvivier (cuja ausência é explicada em um diálogo rápido logo no começo) e a adição de Vladimir Brichta, que surge como o vilão da vez (espaço que no primeiro filme havia sido preenchido por Bruno Mazzeo). Brichta oferece ao longa uma seriedade inesperada, pois não se trata de um comediante contumaz como o resto do grupo. Essa verossimilhança colabora no todo, ainda que no geral o resultado fique um pouco aquém do esperado. Não que existam pontas soltas no enredo, que apresenta boas reviravoltas e pontos de ligação entre os diversos grupos narrativos, mas carece ao diretor Maurício Farias – dessa vez auxiliado por Calvito Leal, do recente A Esperança é a Última que Morre (2015) – um melhor controle da história. Algumas partes funcionam muito bem (principalmente quando o trio principal está em cena), mas outras soam um pouco soltas (como o perigo que os cerca, mais forçado do que bem construído).
Elói (Brichta) quer dar o golpe no baú numa coroa, mas um vídeo pornô do seu passado pode dar fim ao plano. A questão é que essa transa foi com Simone (Veronica Debom), irmã de Danilo (Lúcio Mauro Filho) e prima de Rodrigo (Danton Mello). Quando o primeiro é assassinado misteriosamente, o segundo passa a ser o novo suspeito de ter atrapalhado a artimanha do bonitão mau-caráter. E com um milhão em jogo – valor pago pela gravação – todos terão que descobrir como se virar para manter seus pescoços no lugar, ainda mais com o envolvimento dos dois amigos atrapalhados do protagonista (Fábio Porchat e Felipe Abib), de sua noiva (Natalia Lage), do avô senil (Lúcio Mauro) e até de uma dupla de policiais corruptos (Felipe Rocha e Ravel Cabral). Assim como foi da primeira vez, Lage e Abib são os destaques, ela mantendo um tom sexy que lhe cai bem de forma inesperada e ele investindo em um timing cômico pouco explorado em seus outros trabalhos. Os dois garantem bons momentos, ajudando o espectador a superar deslizes como os bandidos da lei (desnecessários) e o velhinho, que alterna momentos de loucura com outros de pura safadeza, numa alternância sem muito sentido.
Mesmo sem se mostrar tão eficiente quanto o primeiro episódio, Vai Que Dá Certo 2 apresenta méritos suficientes para sua realização. Os personagens principais – defendidos por Mello, Porchat, Abib e Lage – seguem sendo mais interessantes do que a trama que os cerca, e a falta de noção que lhes é característica não chega a ser artificial ou mesmo despropositada, pois realmente estão investidos dessas personalidades. As trapalhadas que provocam mostra que o humor nacional não está inteiramente entregue a exageros e besteiróis. E com uma trama bem entrosada, atores que estão obviamente se divertindo com os trâmites da narrativa e uma direção empenhada em entregar algo que vá além do passatempo passageiro, temos um conjunto curioso, obviamente bom para quem fez, e também válido para quem o assiste. Ponto para ambos os lados!
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